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Gudialace: o padre “superpop”

Por Glenda Machado

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 13:20

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gudialace menor

“Quero apresentar as pessoas a Deus. Levá-las a conhecer esse amor imenso” – Padre Gudialace.

Mineiro de Galileia, ele já encantou os religiosos de Guarapari. E não só os católicos. Fiéis de outras denominações também demonstram carinho e respeito pelo padre Gudialace Silva de Oliveira.

Entre os mais jovens já recebeu até o título de “padre super pop”. Está fazendo sua terceira graduação: Jornalismo. Embora novo, 30 anos, sua história de vida revelou um verdadeiro homem de Deus. Aquele que consegue difundir os ensinamentos de forma leve, alegre e assertiva.

Folha da Cidade – Por que ser padre?
Gudialace Silva de Oliveira – Tive vários motivos para me afastar de Deus. Meus pais bebiam muito, tive três padrastos que também bebiam, um deles usava maconha. E eu não bebo, não fumo, nunca usei drogas e me pergunto: como isso foi possível? Porque sempre conheci pessoas como se fossem anjos em minha vida que me ajudaram, que me orientaram, que me apresentaram Deus. Então, ser padre é uma forma de retribuir o bem  que me fizeram. Quero apresentar as pessoas a Deus. Levá-las a conhecer esse amor imenso.

FC – Mas quando você descobriu essa vocação?
Não me lembro dos meus pais na igreja. Mas de manhã, minha mãe sempre me arrumava e me mandava para a missa. Meus pais eram separados. Com 10 anos, minha mãe faleceu. Então vim morar com meu irmão mais velho em Nova Rosa da Penha em Cariacica. Senti vontade de ser padre aqui, fazendo catequese com 11 anos. Falei com a catequista e ela se encarregou em contar para todo mundo.

FC – Como foi a reação da sua família?
Meu irmão é da Assembleia de Deus, ele não era muito favorável. E com 14 anos, a gente descobre o namoro. Então, que queria beijar na boca. E dizer que eu queria ser padre foi um complicador, porque as meninas não queriam me beijar com medo de virarem mula sem cabeça (risos). E eu tinha medo de ser uma fuga, porque tive uma história desestruturada, com pais separados, perdi minha mãe cedo, meu irmão era contra, não tinha contato com meu pai.

FC – Então, quando você teve a certeza?
As pessoas esperavam de mim uma postura de mini padre e eu queria namorar. Então, tive que mentir: disse que era coisa de menino. Mas no fundo eu sempre tive essa certeza. Meu irmão tentava me converter e me desmotivar o tempo todo. Eu fiz várias experiências em igrejas protestantes. Mas não era por convicção doutrinária ou religiosa, mas sim pelas pessoas que me acolhiam. Minha mãe não desenvolveu o tato de demonstrar o amor e carinho, então eu era carente de afeto e encontrava nas senhoras da igreja.

FC – Quando ingressou no seminário?
Aos 17 anos terminei o ensino médio e fiz o encontro vocacional. Lembro que trabalhava em uma financeira e tive que pedir demissão. Como meu irmão era contra, tive que mentir. Disse que ia viajar pela empresa, porque eram cinco dias. Quando fui aceito, contei para ele e não me esqueço de suas palavras: “queria que você fosse médico, engenheiro, algo que desse dinheiro, mas se é o que você quer, seja feliz”. E sempre me apoiou. Hoje, assiste minhas missas.

FC – Pensou em desistir em algum momento?
Não. E passamos por todo um processo para ter certeza da nossa escolha. Porque não precisamos ser padres para fazer a vontade de Deus. Podemos fazer sendo casado, solteiro… A gente faz o ano propedêutico, que é tipo o pré-vestibular. A gente fica em uma casa que ainda não é seminário com acompanhamento constante dos padres e psicólogos. Estudamos a Bíblia, Filosofia, Teologia, História da Igreja. E aprendemos a viver em comunidade. Depois, no seminário fazemos duas graduações: Filosofia e Teologia.

FC – O que é o mais difícil em ser padre?
Saber discernir a vontade de Deus e a vontade humana, porque sou um ser humano como outro qualquer. Mas existe sobre mim uma responsabilidade maior, que não me foi imposta, não fui obrigado a ser padre, eu decidi acolher essa cruz e sei que preciso cuidar com muito carinho. Jesus sempre falou: “a quem muito foi dado, muito será cobrado”.

FC – Na sua visão, o que falta hoje na humanidade?
Estou fazendo uma nova graduação a pedido do bispo: Jornalismo. Não sou muito fã desta área, mas é uma necessidade da igreja. Estava vendo na televisão que os ateus estavam processando Datena. Comentando um crime, ele falou que “isso é coisa de quem não acredita em Deus”. E os ateus falaram que não: “a gente não acredita em Deus, mas não cometemos esse tipo de violência”. Acredito muito nisso, porque às vezes, a gente fala que o mundo precisa de Deus, e precisa, mas ele traduzido nesta forma tão bonita que é o amor. Um sentimento que ultrapassa qualquer limite de religião, de denominação, de crença. Na Parábola de Mateus ele fala exatamente isso: no final do tempo, Ele vai fazer o julgamento e separar as ovelhas dos cabritos e vai dizer benditos ao Pai tomar posse do Reino que vos reservei e eles vão questionar o porquê, porque estava com fome e me destes de comer, estava com sede e me destes de beber, estava com frio e me vestiste. Ele não fala porque você foi à igreja, porque você pagou o dízimo, porque confessou… E só é capaz de ajudar ao próximo quem ama.

FC – Como resgatar a valorização da família?
Existe uma renegação ao passado como se fosse algo terrível. Eu apanhei da minha mãe, não estou dizendo que os pais devam espancar, mas as varada que a minha mãe me deu não me fizeram mal. Eu sou uma pessoa de bem. Quantos “não” eu tive que ouvir e eu chorava, mas minha mãe não voltava atrás. E isso me ajudou a tomar consciência de que existe limite para tudo na vida. Hoje, os pais não querem frustrar as crianças e não querem ouvir choro. Por isso, acaba satisfazendo todos os desejos da criança. Já não é mais os adultos que educam as crianças. São elas que determinam o que os pais podem ou não fazer. Não se isso é uma causa ou apenas um sintoma, mas sei que só não estamos pior porque a família ainda funciona. Essa permissividade que tem nos feito muito mal.

FC – Como você encara esse título de padre super pop entre os jovens?
Eu fico preocupado. É algo que me amedronta, porque vejo o que aconteceu com o padre Marcelo Rossi. Ele entrou em depressão e disse que foi porque não suportou essa carga pesada. Ele não podia sair, porque todo lugar que ia, as pessoas vinham em cima dele. Confesso que tenho medo do jornalismo por causa disso, não gosto desse tipo de exposição. Embora possa falar para um número maior de pessoas, não sei se tenho força par dar conta. Eu gosto de estar perto das pessoas, de caminhar, de abraçar.

FC – Qual seu maior objetivo?
Hoje, finalizar a obra da Igreja Matriz. Gostaríamos de terminar até dezembro deste ano.

FC – Não pensa em ser bispo?
Bispo fica com questões mais administrativas, ele tende a cuidar dos padres e eu quero cuidar mais do povo da paróquia. E pense que se o padre tem o sonho de ser bispo, talvez não possa ser, porque é um trabalho para aquele que não quer. Ao mesmo tempo em que é de muito serviço, é uma função também de muito poder. E quem deseja o poder pelo poder pode não exercê-lo muito bem.

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