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Unidades de saúde sem médicos e enfermeiros

Por Glenda Machado

Publicado em 2 de junho de 2015 às 19:11

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Cidadão precisa ficar na fila de madrugada para conseguir agendar consulta

Não é difícil perceber que a saúde não anda bem em Guarapari. À beira dos postos de saúde, cidadãos reclamando é o que não faltam. O mesmo não se pode dizer de médicos e enfermeiros. Pra conseguir uma ficha de atendimento é preciso madrugar na fila, chegar pelo menos às 4h.

O Jornal Folha da Cidade esteve em quatro unidades para verificar de perto essa situação. No total, são 23. Mas não precisa ir a todas para perceber a desorganização. Não há um padrão do serviço, já que cada unidade tem um procedimento diferente de atendimento.

Apenas 10 atendimentos pediátricos por dia

Posto Roberto Calmon (1)

FILA em frente ao Roberto Calmon.

“Meu filho está doente, com febre alta, aí a gente chega aqui cedo, enfrenta fila, para pegar uma ficha de atendimento, só que é para o dia seguinte. E tem que ter sorte, porque são apenas 10 fichas para pediatra. Como não consegui ontem, voltei hoje mais cedo e vou ter que voltar amanhã para a consulta”, diz indignada uma das mães que estava na fila e preferiu não ser identificada.

Esse é o esquema de atendimento da unidade de saúde Roberto Calmon, no Centro. Hoje, há apenas um pediatra que atende todos os dias, exceto terça-feira. O outro está de férias e deve voltar em junho. São 10 fichas por dia para pediatria e 15 para clínico geral – que atende diariamente. Mas as consultas são marcadas de um dia para o outro.

Consulta só para segunda quinzena de junho

No Arnaldo Magalhães, o esquema já é um pouco diferente. Acorda cedo, enfrenta fila, pega a ficha de atendimento e então marca a consulta: mas só tem vaga para a segunda quinzena de junho tanto para pediatra quanto para clínico geral. Isso porque tem um dia no mês que a unidade faz todo o agendamento para o mês seguinte.

Hoje, a unidade conta com dois pediatras, sendo que um vai diariamente e o outro, duas vezes na semana. E três clínicos gerais que atendem mediante escala. “É uma bagunça e o povo é que sofre. Ninguém liga para a gente, que é mais humilde”, conta uma dona de casa aposentada que não quer ser identificada. Ela queria marcar uma consulta para resolver as dores que sente nas pernas.

Sem enfermeiro há dois meses

Em Santa Mônica, é preciso acordar cedo para conseguir uma ficha. E não tem pediatra. Apenas clínico geral para atender criança, gestante, idoso. “Aqui a gente tem que chegar de madrugada, o céu ainda está escuro. Quando preciso para mim ou para meus filhos, a gente vem 4h. E ainda corre o risco de ficar sem”, conta a auxiliar de serviços gerais que preferiu não ser identificada.

Sem pediatra, o clínico geral segmentou os dias da semana por público. Na segunda e na terça, são 20 fichas por dia para atendimentos em geral, crianças e adultos. Na quarta também são 20 atendimentos, mas só às gestantes. Na quinta faz as visitas domiciliares e atende aos hipertensos por meio de cadastro feito pelos agentes comunitários.

E na sexta? Não tem médico. E o pior, nem enfermeiro. A unidade está sem enfermeiro há dois meses. Lembrando que a equipe de uma unidade de estratégia da família deve ser composta por médico clínico geral, enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, agente comunitário e atendente de consultório.

Médico e enfermeiro apenas uma vez por semana

“Não sei para que ter um posto de saúde, se não adianta nada vir nele. Aqui não agenda nada, temos que esperar a visita do agente de saúde ir em nossa casa para conseguir uma consulta”, afirma revoltada a manicure que precisa de atendimento para a mãe e não consegue na unidade do Camurugi. E o motivo é simples: não tem médico há um mês.

Para resolver o problema, um médico que atende em outra unidade vai “emprestado” uma vez por semana. Também ao tem enfermeira fixa, apenas uma vez por semana. Com isso, os sete agentes de saúde que marcam as consultas. Eles fazem as visitas domiciliares e cada um pode marcar dois atendimentos já que o médico atende 14 fichas uma vez por semana.

O outro lado

A Prefeitura de Guarapari informou que o município possui 23 unidades de saúde, sendo 16 Estratégias de Saúde da Família (ESF) e 7 Unidades Básica de Saúde (UBS). E que de acordo com a portaria 2.488/2011, define como integrante da equipe, o médico generalista ou médico da família, aquele que está habilitado e possui capacidade técnica para prestar atendimento a todas as faixas etárias.

“O serviço é realizado de segunda a sexta-feira no horário de funcionamento da unidade – das 7h às 16h. E que o protocolo do município prevê a obrigatoriedade dos médicos realizarem 16 consultas por turno. Logo, 16 atendimentos para os médicos com carga horária de 20 horas semanais e 32 para aqueles com carga de 40 horas semanais”, explica a coordenadora da Rede de Atenção Primária à Saúde, Carolina Maciel.

Quanto ao serviço de pediatria, a prefeitura explica que a oferta de serviços especializados não é de competência do município que é responsável pela gestão básica de saúde. Mas que disponibiliza sete pediatras nas seguintes unidades: Centro Municipal de Saúde (referência crônica), Dr. Roberto Calmon (agendamento por meio das unidades básicas de saúde) e Dr. Arnaldo Magalhães (demanda espontânea).

 

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