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Representantes do setor turístico falam sobre o cancelamento dos desfiles do Carnaval de Guarapari
A prefeitura decidiu por não financiar os desfiles de blocos e escolas de samba para o próximo Carnaval no município
Por Aline Couto
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 16:56
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No início deste mês, a Secretaria de Turismo, Empreendedorismo e Cultura (Setec) informou que diante da situação de pandemia e considerando que Guarapari ainda não possui os 90% da população vacinada contra Covid-19, o município não irá financiar os blocos de rua e as escolas de samba para o Carnaval 2022. De acordo com o órgão, houve uma reunião com os representantes das escolas de samba e dos blocos carnavalescos da cidade, onde a equipe da Secretaria de Saúde apresentou os dados da Covid-19 e os riscos que a aglomeração pode trazer para a população.
Diante da decisão, representantes do setor turístico de Guarapari foram procurados para falarem de como receberam a notícia do cancelamento dos festejos de rua do Carnaval 2022 na cidade.
Fernando Otávio Campos, conselheiro do Conselho Municipal de Turismo (Comtur)
Para Fernando Otávio foi uma grande e triste surpresa, pois o setor manifestou no Conselho Municipal de Turismo (Comtur) que a prefeitura deveria organizar o Carnaval, mesmo que não colocasse recursos para as escolas de samba, para que os blocos circulassem. A medida seria uma contribuição para reduzir a aglomeração, pois os blocos poderiam sair em vários pontos da cidade no mesmo horário e permitir a diversão sem locomoção do cidadão.
“Também vemos como uma declaração de incompetência da equipe de saúde, pois Guarapari precisa estar como Risco Muito Baixo ainda em dezembro e isto já significa ter 90% da população vacinada, índice baixo de contaminação e internação. Suspender o Carnaval com justificativa da vacinação é dizer que a equipe de saúde local não tem competência de aplicar todas as vacinas já disponíveis ainda em dezembro”.
Sobre os prejuízos que o setor pode sofrer com cancelamento da tradicional festa, Fernando Otávio acredita que haverá sim prejuízos para a cidade porque as pessoas virão para Guarapari e encontrarão desorganização, não lazer e cultura, e assim não retornarão.
“A cidade será povoada por pessoas que procuram somente uma praia cheia de baixo custo. A população não terá lazer acessível, pois só terá shows em ambientes fechados e reduzirá a oferta de empregos e receitas da cidade”.
Para o conselheiro, a retomada gradativa da economia que está acontecendo após o período crítico da pandemia será abalada com a decisão, principalmente no futuro. “As pessoas virão e vão divulgar para que outras não venham, pois o lugar não oferece cultura e atrativos, fora da praia, para os turistas. O que o município não gastar agora terá que gastar muito mais para recuperar a imagem da cidade”.
De acordo com Fernando, o setor turístico, o Comtur, vereadores e outras entidades irão buscar reverter à decisão junto à prefeitura. “Sem organização o Carnaval vai virar uma desorganização econômica, caos na mobilidade e na saúde pública”.
Gustavo Guimarães, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (ABIH-ES)
Conforme Gustavo a decisão impactou, mas ainda não houve cancelamento de reservas na rede hoteleira. “Pode afetar mais pra frente, mas até conseguimos achar na rede hoteleira uma substituição para essa hospedagem que talvez a gente perca. Como o Carnaval ainda está um pouco longe, março, terá tempo hábil para se adequar a isso. E também não podemos nos esquecer dos turistas que vem para mais tranquilidade, não querem agitação, e não fazem tanta questão dessa programação”.
Com relação à reversão do cancelamento e prejuízos ao município, o presidente da ABIH-ES disse que não viu nenhum tipo de mobilização para questionar o quadro e acredita que os maiores prejudicados com o não investimento da prefeitura serão os moradores envolvidos com as escolas e blocos carnavalescos.
“A reunião do Comtur foi antes dessa decisão, mas no próximo encontro com certeza esse tema será levado para discursão para que haja um posicionamento. Os desfiles são de extremamente importante, é o carnaval da família, e vai fazer falta, mas acho que as pessoas não vão chegar ao ponto de mudar o destino por conta da decisão da prefeitura. Os turistas nesse período buscam mesmo a praia durante o dia, os desfiles eram um atrativo a mais. Acho que impacto mesmo será mais dentro da cidade, os moradores de Guarapari envolvidos diretamente com o carnaval e a população que gosta de participar do evento. Acho que eles serão mais afetados do que efetivamente o turista”.
Para finalizar, Gustavo contou que vem reforçando com os clientes que a programação que foi cancelada foi do carnaval de rua, mas que os demais bailes carnavalescos nas casas noturnas continuam. “Algumas pessoas ficaram confusas achando que tudo havia sido cancelado, mas a programação continua normalmente. Teremos festas nas tradicionais casas noturnas e novas irão abrir no verão. Sem contar que os acessos às praias estão abertos para o verão, não temos nenhum tipo de restrição”.
Marcos Azevedo, coordenador da Associação de Hotéis e Turismo de Guarapari (AHTG)
Marcos foi sucinto e disse que as decisões devem parar de ser tomadas unilateralmente e a prefeitura precisa consultar o Comtur nessas questões.
“Eu entendo os motivos da administração municipal ter tomado essa decisão. Mas é necessário que fosse discutida em conjunto com todos os interessados e depois a decisão ser tomada. Além disso, é preciso que o órgão apoie uma economia de verdade, criativa, por trás das escolas de sambas e blocos de rua, para que esse investimento seja feito ao longo do ano, não somente no final dele. Tem que criar um espaço, por exemplo, para ter cultura o ano todo, para que o Carnaval possa ser sustentável. No entanto, mesmo com o cancelamento, não acredito que os turistas deixem de vir para o Carnaval”, concluiu.
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