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Status de relacionamento e multa de trânsito motivam tentativa de homicídio em Guarapari
Veterinária de Guarapari foi agredida com facadas após se recusar a assumir multas do marido e decidir mudar status de relacionamento em rede social
Por Gislan Vitalino
Publicado em 20 de abril de 2022 às 10:30
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Uma multa de trânsito deu início a uma discussão que culminou em uma tentativa de homicídio contra uma mulher em Guarapari. O caso aconteceu no bairro Ipiranga e, de acordo com a vítima, se iniciou após ela se recusar a assumir uma multa de trânsito causada pelo marido bêbado.
A mulher, uma veterinária de Guarapari cuja identidade nós optamos por preservar, explica que a briga se iniciou após receber uma multa de trânsito registrada na carteira porque o marido estaria andando em seu veículo sem usar capacete.
“No dia que soube da multa eu exigi que ele se responsabilizasse pela infração. Ele tinha chegado em casa bêbado, como aconteceu outras vezes e começamos a discutir. Ali eu decidi mandá-lo embora de casa e ele se recusou a sair. Então, falei que ia mudar meu status de relacionamento no Facebook e ele disse que não aceitaria isso. Fui para o quarto e fiz”, contou a mulher.
De acordo com o relato, a violência física se iniciou após a publicação na rede social. “Até então, ele nunca tinha me agredido. Em outras vezes que tentei me separar, ele nunca aceitou. Ameaçava se matar, mas nunca me agrediu. Nesse dia, ele veio até o quarto, me arrastou pelo braço até a cozinha, me colocou contra a parede e começou a me enforcar. Tinha uma faca perto, ele pegou e me cortou com ela no pescoço e depois na barriga”, contou a vítima.
Ouvindo a briga, a mãe da vítima que mora próximo ao casal vem até o local. “Quando ele viu que minha mãe estava vindo, ele fez um corte no próprio dedo com a faca e começou a falar que eu que estava agredindo ele”, afirma a mulher.
Após o caso, a vítima foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guarapari, também no bairro Ipiranga e transferida para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha, onde precisou de intervenção cirúrgica, ficando hospitalizada por três dias.
De acordo com a Polícia Civil, o fato foi registrado como tentativa de homicídio e é investigado por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Guarapari.
“Até o momento, nenhum suspeito de cometer o crime foi detido. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada.
A população pode auxiliar na investigação por meio do telefone 181. O Disque-Denúncia é uma ferramenta segura, onde não é necessário se identificar para denunciar. Todas as informações recebidas são investigadas”, conclui a Polícia em nota.
71% dos casos de violência contra a mulher no ES acontecem dentro das residências
Dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Espírito Santo mostram que 71,4% dos casos de crimes envolvendo violência contra a mulher, nos termos da Lei Maria da Penha, no Estado, acontecem dentro da própria residência das vítimas. Dentre os casos registrados, também é mais frequente o número de casos ocorridos aos domingos e nas segundas-feiras.
Os dados apontam que, entre os meses de janeiro, fevereiro e março deste ano, 192 casos foram registrados envolvendo violência contra a mulher nos termos da Lei Maria da Penha em Guarapari. No mesmo período de 2021 o número foi de 140, o que representa um aumento de 37% do número de casos registrados.
Segundo especialistas, o aumento do número de registros de Boletins de Ocorrência relacionados à violência contra a mulher não necessariamente representa um aumento dos casos de violência, mas sim do número de casos que se efetivou em um registro formal. Isso acontece pois, em grande parte dos casos, as vítimas não encontram recursos financeiros, ou possuem o amparo necessário para viabilizar a denúncia.
Lei 11.340 – Lei Maria da Penha
A Lei 11.340, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, foi sancionada no Brasil no dia 7 de agosto de 2006, com o objetivo de criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. A legislação configura como violência doméstica qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, que no ano de 1983 foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte do marido.
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