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PM que matou cachorro a tiros em Guarapari não comparece a CPI dos Maus-Tratos
Imagens inéditas do caso foram apresentadas na audiência
Por Redação Folhaonline.es
Publicado em 14 de setembro de 2023 às 13:42
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Nessa quarta-feira, 13, durante a oitiva da CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, presidida pela deputada Janete de Sá, foram exibidas imagens inéditas do caso do cachorro da raça Golden, morto a tiros por um policial, na Praia do Morro, em Guarapari, no último dia 9 de setembro.
Pelas imagens captadas, a rua aparece deserta. O homem que surge de camisa amarela e bermuda vermelha, andando na calçada é o policial. Quando ele termina de atravessar a rua, dá de cara com o Golden. O cachorro pula no policial, os dois se afastam, o Golden pula novamente. Depois eles somem da imagem. Em seguida o cachorro volta correndo, já parece desnorteado e cambaleando. Ele já tinha sido atingido pelo tiro. Logo a tutora aparece empurrando o carrinho com a filha de 1 ano. O marido dela também chega. Os dois seguem pela rua, assustados com o que aconteceu. A criança de 12 anos que viu tudo vem andando chorando pela calçada.
Em outro vídeo, é possível ver que na segunda vez que o cachorro pula, o policial leva às mãos à pochete que está na cintura e sai andando em direção ao cachorro. Segundo a família, foi nessa hora que o disparo aconteceu.
A família socorreu o cachorro para uma clínica veterinária. Ele ainda ficou vivo por duas horas. Na clínica foi constatado que o tiro foi desferido de cima para baixo, a bala entrou no dorso direito, atingindo pulmões, diafragma, estômago e baço, saindo pelo flanco esquerdo.
A polícia militar foi chamada e o policial foi encontrado em casa. O subtenente reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, foi levado para a delegacia e autuado por crime de maus-tratos a animais. Mas foi solto na audiência de custódia, sem pagar fiança e está proibido de sair da Grande Vitória e portar arma de fogo.
Como foi a oitiva
A CPI de Maus-Tratos contra os Animais foi informada sobre o caso e logo a equipe entrou em ação. Foi ao local, conversou com testemunhas, foi à clínica veterinária para saber mais detalhes sobre o ferimento que tirou a vida do Churros.
A oitiva sobre o caso aconteceu nesta quarta-feira, dia 13, quatro dias depois do fato. O suspeito, policial militar aposentado, Anderson Carlos Teixeira não compareceu e vai ser convocado novamente pela CPI. Se na terceira convocação ele não comparecer, pode ser solicitada a condução coercitiva.
Tutora se emociona bastante
A tutora Iasmin Lima Peçanha Avelar levou o pai do Churros, o golden chamado Volks. Ela contou que foi apenas dar uma volta no quarteirão, num lugar tranquilo, por isso não usou coleira. Ela disse que o Churros pulou para brincar com o policial quando tudo aconteceu:
“O policial disse que ia matar o nosso cachorro. Eu pedi desculpas e implorei para que ele não atirasse no Churros. Mesmo assim ele atirou. As crianças ficaram desesperadas. Socorremos imediatamente e foi um desespero quando eu soube que ele não tinha sobrevivido. Está sendo muito difícil para nossa família”.
Jovem está sem ação
O pai de Iasmin, André Luiz Peçanha, contou que o enteado dele, que tem autismo leve, era muito apegado ao Churros, e desde que o cachorro morreu, ele praticamente não fala:
“Ele tinha se desenvolvido muito com o contato com o Churros e agora parece que regrediu uns 4 anos. Não fala, não quer comer, está retraído. Não sabemos nem como agir”.
Uma testemunha do caso contou que ouviu o policial falando que ia matar o cachorro.
O veterinário, que atendeu o cachorro, Gabriel Marchesi Lira, disse que mesmo com dor, o animal não teve qualquer reação agressiva.
O Plenário Dirceu Cardoso recebeu vários protetores da causa animal. Na mesa diretora, junto com a presidente da CPI, Janete de Sá, estavam a procuradora da Causa Animal do Ministério Público do Estado, Edwiges Dias, o representante da OAB, Breno Panetto, o deputado estadual Alexandre Chambinho, relator da CPI, o representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do ES, Rodolfo José da Silva Barros, a presidente da Sopaes, o Regina Mazzoco e procurador da Assembleia.
O deputado federal, Fred Costa, autor da lei Sansão (lei federal contra maus-tratos a animais) participou de forma on-line e se mostrou indignado com tamanha crueldade.
Relembre o caso
No último sábado, dia 09 de setembro, a tutora do cachorro da raça, chamado Churros, passeava com o animal e mais três crianças (de 12, 9 e 1 ano) em uma rua na Praia do Morro, em Guarapari. O cão teria latido e pulado em um policial que passou no local. O subtenente reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos se assustou e teria dito que ia matar o cachorro. Mesmo diante do pedido desesperado das crianças para que não fizesse isso, o homem atirou e o cachorro foi baleado.
Churros foi socorrido pela família, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O policial foi detido e depois liberado na audiência de custódia, sem pagar fiança. Ele não pode sair da Grande Vitória nem usar arma de fogo. A tutora do cachorro assinou um termo circunstanciado porque o cachorro estava sem coleira. Ela disse que o cão é dócil e saía pouco de casa.
*Com informações: Assessoria de Comunicação deputada Janete de Sá.
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