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Carnaval 2024: representantes da hotelaria e comércio falam sobre prejuízos para os setores em Guarapari
O evento deste ano foi considerado o pior dos últimos tempos
Por Aline Couto
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 16:22
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Após um verão com muito público e pouco gasto, o Carnaval concretizou o prejuízo econômico para os setores de hotelaria e comércio. Assim representantes contaram ao folhaonline.es sobre o que chamaram de “pior Carnaval de todos os tempos”.
“Ficou evidente que Guarapari não consegue sobreviver apenas das belezas das praias, precisa de forte investimento em planejamento, ações de marketing, eventos programados e organizados com antecedência para aproveitamento no turismo. Houve um crescimento na ocupação e no faturamento, mas a desorganização na cidade e o descontrole na ocupação mostrou uma cidade com muita gente, mas gastando muito pouco”, relatou Fernando Otávio, diretor presidente da Associação de Hotéis e Turismo de Guarapari – AHTG.
Com o fim do Carnaval, a prefeitura de Guarapari divulgou que cerca de 250 mil pessoas passaram pela cidade nos quatro dias de folia. Segundo Fernando Otávio, é bem provável que o número seja correto, mas junto a esta informação o próprio órgão informou que a ocupação foi 60% no setor hoteleiro. “Os supermercados estavam vazios, não teve engarrafamento na entrada da cidade, como de costume, no sábado de Carnaval. Vimos somente um grande fluxo de carros vindo pela manhã e retornando no final do dia, mostrando que o problema só fica mais evidente: viramos destino de passagem ou de ida e volta, com consumo de baixa qualidade na cidade”.
De acordo com Gustavo Guimarães, vice-presidente do Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Estado do Espírito Santo – Sindhotéis-ES, comparando as métricas analisadas desde 2016, esse foi a pior taxa de ocupação em relação à média histórica no mês de fevereiro, cerca de 30% menor que 2023. “A média de reservas em Guarapari não superou 60% no Carnaval. Resultado extremamente negativo, sempre esperamos um crescimento pela fama e tamanho da cidade, alguma coisa precisa ser feita”.
O empresário também chamou atenção para alguns hoteleiros que colocaram valores de baixa temporada nos pacotes de Carnaval. “Isso é ruim, porque prejudica o destino e atrapalha o mercado hoteleiro, em especial. Infelizmente estamos lidando atualmente com baixa ocupação e tarifas sendo reduzidas. Esse foi um dos piores Carnavais da história para hotelaria, que gera emprego, renda e receita para a cidade e o estado pagando os impostos. Atualmente o setor está entrando em uma situação literalmente de desespero. Baixas tarifas não colocam gente no hotel, baixar preço não é sinônimo de ocupação. As pessoas estão depreciando o produto e o destino, o que infelizmente contribui de forma muito negativa para o nosso mercado”.
João Marcelo, conhecido como Marcelão, líder do sindicato dos bares em Guarapari (Sindbares), destaca os desafios enfrentados pelo setor que impactaram negativamente a economia turística local. “Este verão foi um verdadeiro teste de resiliência para nós, comerciantes de Guarapari. Sonhamos com Guarapari transcendendo a sazonalidade e se firmando como um destino de lazer e turismo o ano todo. Para isso, é fundamental unirmos forças – comerciantes, associações e governo – para construir um futuro próspero para todos. Estamos prontos para o diálogo e para contribuir ativamente nesse processo de transformação. Juntos, podemos fazer de Guarapari um lugar melhor, não só para quem vem de fora, mas também para todos que aqui vivem”.
Quiosqueiros da Praia do Morro confirmaram que os dias de festa carnavalesca de 2024 foram considerados os piores de todos os tempos. “O Carnaval desse ano foi considerado o pior de todos os tempos, o capital de giro não rodou. Teve muita excursão, que traz tudo de casa e não gasta nada. É necessário que se tenha organização e regras, tem tudo que os turistas precisam aqui em Guarapari. O que tem que ser feito é mostrar isso a eles, fazer entender que vale a pena comprar aqui”.
Soluções
Foi pedido a cada entrevistado que sugerisse soluções para que o turismo de Guarapari se torne de qualidade.
Fernando Otávio falou sobre proposta da AHTG para qualificar o turismo da cidade. “O Turismo de Guarapari deve ter uma agência nos moldes da GRAMADOTUR e de outras cidades turísticas importantes, em que a gestão do turismo passa ser independente do gestor municipal em que a agência elabora, capta recursos e executa as ações para eventos como o Carnaval. O executivo passaria apenas a organizar a segurança e a mobilidade, mas o formato, datas, execução passa ser um diálogo efetivo com o setor empresarial”.
Gustavo Guimarães contou que o Sindhotéis tem uma reunião marcada para discutir o assunto, trocar ideias e visões, para pensar no que pode ser feito. “Cada um tem responsabilidade, o empresariado seja de bar, restaurante, pousada, hotel, casa noturna, prestador de serviço, além do poder público municipal e estadual, tem responsabilidade na reconstrução da nossa atividade turística. Importante frisar que estamos vendo quedas não só no Carnaval, já vem acontecendo umas oscilações para baixo no turismo de Guarapari. Precisamos trabalhar para conquistar cada vez mais espaço e condições para as nossas empresas. Necessitamos ser mais proativos, trabalhar o turismo de fora mais proativa, um pensar em conjunto, para juntar esforços, analisar as falhas e nos posicionar com o destaque que Guarapari merece”.
Para João Marcelo inicialmente é necessário um diálogo e colocar a fiscalização para organizar melhor a cidade. “Vamos nos organizar, as entidades para pedir uma reunião com a ANTT, DER, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, e solicitar uma fiscalização intensa nas datas que temos mais movimento na cidade. Para ter um turista de qualidade temos que fazer um choque de gestão no município e mudar o caminho, temos turismo de negócios, lazer, ecológico, mergulho, pesca, fazer eventos nesse nível. Durante o ano é preciso ir às feiras de turismo e fazer as capitações com as agências, Network é o pode impulsionar a nossa cidade”.
Os quiosqueiros apontam a necessidade de investimento com qualidade na cidade. “Não para barrar ninguém, mas tem que haver regras. Aqui tem supermercado, açougue e tem tudo que os visitantes precisam, só falta organizar. Também tem que melhorar muito a fiscalização”.
Prefeitura
O folhaonline.es procurou a administração municipal com as demandas apresentadas, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.
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