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DPJ de Guarapari agora conta com espaço para atendimento a mulheres vítimas de violência
Inauguração do espaço foi celebrada nessa quinta-feira (30)
Por Pedro Henrique Oliveira
Publicado em 1 de maio de 2024 às 09:00
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O DPJ de Guarapari agora conta com uma “Sala Maria”. O espaço, criado para humanizar o atendimento às mulheres vítimas de violência, foi pensado pois a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) funciona apenas em dias de semana e em horário comercial. Dessa forma, as mulheres que buscam atendimento em outros dias e horários precisam ir diretamente ao DPJ.
O novo espaço foi celebrado durante um café da manhã nessa terça-feira (30), Dia Nacional da Mulher, que reuniu representantes de entidades e associações voltadas para a causa. Para a presidente do Conselho Municipal de Direitos da Mulher (CMDM), Márcia Barros, a chegada da Sala das Marias é um importante passo para a luta contra a violência doméstica. “É uma conquista de todas, não só do Conselho, é de todas as mulheres que sofrem violência doméstica. Aqui é um local de acolhimento, que você sabe que pode chegar e ser ouvida. É uma vitória para todas nós”, comemorou.
As “Salas Marias” estão estruturadas para promover o acolhimento, com melhorias na infraestrutura física e atendimento especializado por meio da capacitação contínua dos servidores e o estabelecimento de protocolos padronizados. Além de Guarapari, o governo do Espírito Santo instalou salas em outros quatro municípios do estado.
Em Guarapari, o pedido pela inauguração do local já vem de algum tempo. No ano passado, durante uma visita, a comissão da CMDM reivindicou um local reservado para as mulheres vítimas de violência, pedido que também foi reforçado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“A OAB participa de todos os movimentos em prol das mulheres vítimas de violência, através da Comissão da Mulher, e de tudo que envolve a sociedade. Então, nós unimos forças com o CMDM para que isso se tornasse uma realidade. Gostaria de parabenizar o Conselho por essa importante iniciativa, uma política pública. Precisávamos de um lugar humanizado para receber essas vítimas”, afirmou a presidente da 4ª Subseção da OAB/ES, Mônica Goulart.
Segundo o delegado chefe do DPJ, Celso Ferrari, com a chegada da “Sala Marias” as mulheres passarão a ter um atendimento inteiramente voltado para ocorrências do tipo. “As mulheres serão retiradas do meio das ocorrências comuns, levadas à sala e tratadas de forma isolada para que tenham mais condição de denunciar com detalhes as ocorrências que são vítimas”, explicou, ao complementar que a sala vai funcionar diariamente.
A instalação das “Salas Marias” é acompanhada por ações de capacitação por meio da Gerência de Proteção à Mulher (GPM), vinculada à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), dos servidores da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), que atuam em plantões, garantindo que estejam preparados para fornecer às mulheres todos os direitos e informações previstos em lei, além de facilitar a articulação com os serviços da rede local.
A vice-presidente do Espaço de Convivência Paz e Bem (EcoPaz), Alba Sampaio, destacou a importância da humanização no acolhimento das vítimas. “Um espaço como esse é de acolhimento, de sororidade. Uma coisa é um homem acolher uma mulher vítima de violência, outra coisa é uma mulher acolher. Isso se chama sororidade. Essa sala é um espaço para acolher a dor dessas mulheres.”
Importância da prevenção
Para a representante da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul Acácia de Guarapari, vinculada à Casa Maçônica Acácia, Tânia Prado, a iniciativa é um elo de uma corrente que deve abranger outras ações. “Esse problema da violência contra a mulher não é tão simples que vai se resolver em uma ação pontual. Temos que ter uma rede de proteção, em que se possa trabalhar prevenção, acolhimento e pós-acolhimento dessas mulheres. Eu vejo como uma ação que vai compor essa rede de proteção”, afirmou.
A delegada responsável pela Delegacia da Mulher de Guarapari, Francini Moreschi, também reforçou a importância da prevenção a crimes desse tipo. “São redes de enfrentamento, que nós precisamos dar condições para essa mulher. Porque não combatemos a violência doméstica apenas no aspecto criminal. Quando falamos de polícia, falamos de aplicação de lei, só que a violência doméstica é mais do que isso. Quem dera que só dar uma condição de acolhimento nós conseguíssemos romper esse ciclo de violência. Nós precisamos de uma rede de enfrentamento para que, antes de acontecer, nós possamos prevenir. (A sala) é um grande avanço na repressão, mas temos que avançar muito na prevenção”, ressaltou.
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