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Ufes cria tabuleiro de xadrez com monumentos para ajudar a preservar história do Espírito Santo
Projeto recriou peças tradicionais e as substituiu por monumentos do Estado
Por Pedro Henrique Oliveira
Publicado em 7 de julho de 2024 às 15:00
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Depois de dois anos em produção, o Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes (LEENA) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) finalizou o protótipo de um projeto que busca resgatar e preservar a história do Estado através de um tabuleiro de xadrez.
O trabalho, colocado em fase de testes durante amostra no ESX – evento de inovação realizado em Vitória neste mês -, desenvolveu, em impressão 3D, miniaturas de monumentos capixabas que substituem as tradicionais peças do jogo.
Segundo o professor José Cirillo, coordenador de pós-graduação em Artes do LEENA, a ideia é levar o projeto para escolas das redes municipais e estadual de ensino. “Nosso foco principal é fazer esse material chegar em cada sala de aula para que possamos trabalhar a perspectiva da educação afetiva por meio da educação patrimonial”, explicou.
O jogo se soma a outras estratégias do laboratório que buscam conscientizar as crianças sobre a importância da preservação dos monumentos. “A criança de hoje é o adulto que vai construir o nosso futuro. Se desde a mais tenra infância ele tiver essa relação afetiva com os monumentos, ele vai entender o valor patrimonial, o que diminui, no futuro, a depredação, porque deixa de ser algo apenas do poder público e passa a ser algo que nos pertence também.”
Segundo ele, de forma histórica, o tabuleiro apresenta uma dupla função: discute a formação étnico-racial do Espírito Santo, ao passo que trata dessa perspectiva de modo ampliado pelas etnias que formaram o território capixaba. “O rei do tabuleiro é um indígena, exatamente porque foram os primeiros donos desta terra. A nossa rainha é a Dona Domingas, que representa a população negra escravizada que também ajudou a formar o solo espírito-santense”, detalhou.
Com o protótipo em mãos, o próximo passo é realizar adequações para melhorar a usabilidade das peças. Durante os testes realizados na ESX, alguns apontamentos foram feitos para que as miniaturas ficassem ainda mais semelhantes às do jogo tradicional.
“Estamos revendo as peças no sentido de resolver problemas técnicos. No ESX, ficamos dois dias inteiros com pessoas jogando, depois de um certo momento tivemos que sair do estande para dar mais espaço para quem jogava e assistia as partidas”, afirmou o professor.
A expectativa é de que em dois meses os ajustem tenham sido feitos e o resultado deve ser apresentado em uma feira de tecnologia a ser realizada em breve na Serra, na qual a UFES estará presente.
Peças/monumentos
O Rei é uma representação dos Botocudos, principal etnia que ocupou o território capixaba antes da colonização portuguesa; é parte de um grupo escultórico em Linhares (3 Etnias, de Nilson Camisão), atualmente em fase de restauração no ateliê do artista.
A Rainha é Dona Domingas, a única mulher negra representada em um monumento no estado e. De autoria de Carlo Crepaz, essa obra ainda é carregada de mistérios que estão sendo desvelados pelas pesquisas.
O Bispo é Padre Alonso de Baixo Guandu. Um homem que dedicou sua vida a serviço da igreja; representa uma homenagem à imigração italiana na região, sendo uma referência às esculturas de temática religiosa.
A Torre do tabuleiro reproduz o Monumento à Colonização Espanhola, em Alegre; uma homenagem da cidade aos cerca de 220 espanhóis que chegaram no final do século XIX e se dirigiram para aquela região, corroborando o desenvolvimento do sul capixaba.
A cavalaria é uma escultura espontânea, cavalos em uma pamonharia na Rodovia BR101, em Linhares; um objeto característico da intervenção/apropriação popular do território – a exemplo do conjunto escultórico da Parada Gobeti ou do próprio Tigrão de Guarapari.
Fonte: Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes (LEENA)
*Matéria originalmente publicada no jornal A Tribuna.
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