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O poder da informação para o bem
Por Livia Rangel
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 00:00
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Após anos usando o dom da palavra para informar a sociedade, um grupo de comunicadoras da cidade resolveu utilizar o poder da mídia um pouco diferente. Diante de tantas notícias tristes na imprensa, a ideia agora é divulgar sorrisos. Para isso, 15 profissionais da área e se mobilizaram para arrecadar alimentos, material escolar e brinquedos para 70 crianças de 3 a 12 anos da Associação Ebenézer, no Lameirão.
A entrega das doações aconteceu na tarde de hoje e o que não faltou foi emoção. Brilho no olhar, sorrisos estampados no rosto e muitos abraços de agradecimento. Esse foi o maior resultado de um mês de campanha, que arrecadou meia tonelada de alimentos, material escolar para um ano e 100 brinquedos. Foi uma tarde de brincadeiras, pintura de rosto, muito cachorro quente com refrigerante e de aprendizado.
Faço parte do grupo e preciso dividir com você, leitor, uma experiência vivida hoje que vou levar para o resto da minha vida. Na hora da entrega dos presentes, uma menininha de apenas 5 anos, estava com o saquinho do cachorro quente na mão com um pedaço do pão, molho, salsicha tudo junto e misturado. Eu, pensando em ajudar, pedi que me desse para jogar fora para que ela pudesse pegar a boneca.
Na minha inocência ou ignorância, pensei que naquele saquinho estava o que ela não queria mais comer. No entanto, me surpreendi com a resposta e o olhar aflito de quando peguei da mão dela. “Tia, não joga fora não, estou guardando para minha mamãe”. Nessa hora, a gente para um pouco, pensa na vida e reflete sobre as nossas prioridades e desperdícios. Não digo apenas desperdício de comida, mas também de tempo, atenção e carinho.
“A Ebenézer existe há 11 anos. Somos em 12 voluntários. A nossa dificuldade ainda é encontrar pessoas que possam doar o tempo. A instituição é mantida pela Igreja Assembleia de Deus de Meaípe. Também contamos com as doações de amigos e pessoas que se mobilizam com o nosso trabalho. Nosso custo de água e luz é em torno de R$ 250 por mês. Além das 140 refeições por dia”, conta a presidente Mércia Ribeiro Cardoso.
De acordo com ela, não tem custo para os pais das crianças, apenas o compromisso de levar e buscar. E apenas uma exigência: estar matriculado na escola. Na associação, eles almoçam, fazem higienização, oram, estudam, lancham e ainda sobra tempo para a recreação. “É um trabalho bom, porque estão aprendendo. Não estão na rua, no meio da violência e das drogas. Mas, infelizmente, muitos pais deixam de trazer os filhos por preguiça”, conta Mércia.
A gratidão dessas crianças pela associação já vale esse pequeno esforço de sair de casa para deixar o filho em um local seguro, de confiança e onde vão aproveitar o tempo para o bem. “Aqui a gente aprende o que é certo. Eles não deixam a gente na rua fazendo coisa errada”, conta Rafaela, 13 anos. A colega ao lado, também dá a opinião. “Deus me deu o milagre de estar aqui. As tias, mesmo quando estão doentes, vem pra ficar com a gente”, disse Letícia, 10.
Para Yasmin, foi o dia mais feliz da vida dela. “Gosto muito da associação e hoje foi um dia especial”, afirma a pequena de apenas 7 anos. Kauane, de 9, também pede para falar: “aqui é muito bom para a gente, porque aprendemos a escrever, a ler, a ser alguém na vida”. E quem já foi aluno, hoje volta como voluntário como e o caso do Alexandre Garcia, 16 anos, e Lorena Rodriguez, 18 anos.
“Eu entrei na associação com 4 anos. Aprendi muito. Hoje tenho o sonho de ser bombeiro, se eu não estivesse estudado aqui, não teria sonhos como esse, sonhos para o futuro. Hoje, faço tudo o que precisarem. E, mesmo depois que eu conseguir me formar em bombeiro, jamais vou deixar a Ebenézer”, destaca Alexandre.
Para Lorena, é gratificante poder fazer por outras crianças o que a associação fez por ela. “A Ebenézer é como uma família para mim, entrei aqui com 6 anos. Hoje quero retribuir um pouco do que fizeram por mim. Ajudo na salinha de aula com reforço escolar das crianças”. Maria Eduarda, de 6 anos, quer seguir os passos da tia Lorena. “Hoje eu aprendo, mas quero voltar um dia para ensinar”.
Essa alegria e gratidão foram o que mais emocionou uma das integrantes do grupo Comunicadoras de Plantão, Rosimara Marinho. “É gratificante ver o sorrido das crianças. Estamos muito felizes com o resultado. A gente sente a alegria deles não só na hora de receber o presente, mas também ao dar um simples abraço, conversar um pouco, voltar a ser criança com eles. E ficou o gostinho de quero mais.
“Pensamos em usar o poder da mídia para fazer o bem e por que não usar os nossos meios de comunicação para pedir em prol de uma causa maior. Em menos de um mês conseguimos muito mais do que o esperado graças a ajuda dos colaboradores, tanto de empresas, quanto de pessoas físicas. E fica a lição e o aprendizado para uma ação ainda maior para o próximo ano. Só temos a agradecer”, conta uma das integrantes do grupo Comunicadoras de Plantão, Josiane Gualberto.
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