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Você é feliz?
Por Glenda Machado
Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 12:41
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Quem nunca se perguntou se é feliz de fato? Ou nunca parou para pensar o que realmente é a felicidade? Será que é aquele estado de espírito momentâneo por algum motivo específico? Mas isso não seria alegria?
A felicidade é um estado de espírito contínuo, é estar bem consigo mesmo, é ter paz interior, é saber lidar com as dificuldades e tirar aprendizados da dor. Quando se é feliz, é possível encarar os problemas como passageiros e como ensinamentos que vão nos fazer evoluir.
Esse foi o tema de encerramento da Semana Espírita de Guarapari: “Felicidade: deste ou de outro mundo?” A resposta está no íntimo de cada um, basta se permitir ser feliz. É o que explica o médico homeopata mineiro, Andrei Moreira. Ele também é escritor, palestrante e Presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais. Independente de crença é tema para reflexão. Palavras de mestre.
Folha da Cidade -A felicidade é deste ou do outro mundo?
Andrei Moreira –Vamos sentir no outro mundo uma continuidade de como nos comportamos aqui nesta vida, porque compreendendo a reencarnação, a imortalidade da alma, a justiça das aflições, as vidas anteriores e a progressão futura, a continuidade natural se dá dentro da escolha e do livre-arbítrio. Você pode viver uma vida de paciência, perseverança, disciplina, silêncio interior diante das suas queixas, lamentações, lamúrias, e isso também vai se revelar na vida espiritual. Isso porque você foi capaz de entrar em contato com aquilo que o Evangelho diz que a traça não corrói, que o ladrão não rouba, que o túmulo não carrega consigo, porque no túmulo ficam cargos, títulos, posses, propriedades, interesses, só levamos conosco aquilo que é constituído dentro da intimidade do coração.
FC – Então a felicidade é espiritual?
Somos espíritos imortais, não somos corpos que temos alma, somos almas que estamos em corpos. Embora muitos de nós tenhamos uma vida de materialidade como se fossemos matéria dentro dos corpos. Queremos o imediatismo das respostas, que as dores passem sem aproveitá-la no seu sentido pedagógico e na sua necessidade educativa.A vida do homem reflete os valores que traz dentro da alma.
FC – Tudo depende de como o homem usa o livre-arbítrio?
O Espiritismo não se trata de dogmas, imposições. O Espiritismo é uma ciência, uma filosofia de causa e consequência. O homem com o seu livre-arbítrio semeia com liberdade, mas colhe com propriedade. Ele elege o que quer para a sua vida no aproveitamento do tempo, mas sabe que sofrerá os efeitos naturais de como usou seus dias e suas horas. Trata-se de causa e efeito dentro de uma lei de justiça e de responsabilidade. O livre-arbítrio não existe para ofender a lei divina, mas para servir a lei: faça-se conforme o seu desejo dentro do que é possível diante da lei de Deus. É uma liberdade relativa e não absoluta.
FC – E são essas escolhas que vão diferenciar o céu e o inferno?
Allan Kardec, o codificador da doutrina, não considera o céu e o inferno como localidades geográficas nem lugares que o homem está destinado. São estados de consciência aos quais nos promovemos de acordo com as escolhas que fazemos na vida. São elas que vão nos promover a uma liberdade interior ou a um sistema de aprisionamento interno onde vamos ficar em sintonia ou em distonia com a lei divina.
FC – O sofrimento é o caminho para a evolução?
Não. Dificuldade não é castigo, limitação não é penalidade, luta não é punição. São circunstâncias pedagógicas divinas destinadas a desenvolver qualidades, virtudes necessárias para a vida espiritual. Importamos a ideia de outras crenças cristãs de que devemos sofrer para crescer, mas o sofrimento só produz evolução quando produz maturidade, sensibilidade, aprendizado e transformação. Sofrer por sofrer não faz ninguém melhor, não nos eleva em patamar de virtude. O sofrimento que redime e que traz consolo é aquele sofrimento purificador, que amolece o coração, que nos faz pensar na vida de forma diferente, que nos remove os conceitos, que modifica a percepção de nós mesmos e a existência ao nosso redor.
FC – E qual o caminho então da felicidade?
Se você quer ser feliz, aproveite as concessões divinas não para expiação, mas para reparação que nos leve a conectar de novo com o bem, reintegrando-nos à fonte divina e passando a viver na plenitude dela. Pormais que Deus dê, se o espírito não estiver em paz com a sua consciência, não aprender a usufruir aquilo que é ofertado, não por merecimento, mas por misericórdia divina, não será feliz. Ninguém conquista nada ferindo o direito do seu semelhante. Todos somos dignos à felicidade, mesmo que estejamos momentaneamente desviado do caminhodo bem. Só depende da nossa consciência para a reparação.
FC – Mas o que é ser feliz?
Não é ter a vida perfeita, idealizada, estar na vida do outro que invejamos, não é estar conforme o nosso desejo. É estar pleno naquilo que o momento requisita: seja paciência, perseverança, perdão, amor, caridade, benevolência. É poder ser si mesmo, é estar livre para poder ser aquilo que a alma mostra como sendo o real para si. Não significa vida sem conflitos ou dificuldades, mas como amadurecer e crescer com eles tendo a consciência de que vamos colher os frutos de acordo com o nosso plantio. A felicidade plena não pode ser para a Terra. Mas a felicidade relativa pode ser possível, basta você se permitir.
Reportagem: Lívia Rangel
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