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Aulas de robótica, xadrez e quadrinhos incrementam currículo de escola integral
Por Livia Rangel
Publicado em 18 de março de 2015 às 16:04
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Em meio à polêmica que cerca o projeto Escola Viva, do governo do Estado, o Jornal Folha da Cidade fez uma visita à primeira escola em tempo integral de Guarapari, a EMEF Marinalva Aragão Amorim, localizada em Santa Mônica.
Lá, teoria e prática são aliadas na construção do conhecimento de 420 adolescentes que têm acesso a aulas diferenciadas, não disponíveis nem mesmo na rede particular, como robótica, xadrez, história em quadrinhos e conceitos de cidadania.
Fomos recebidos pela diretora Alessandra Correia Ernesto Dias, que fez questão de apresentar todas as dependências da escola que ocupa quase um quarteirão inteiro. Além das salas de aula e parte administrativa, há laboratórios, estúdio para dança, refeitório (onde são oferecidas três refeições diárias) e quadra coberta. Futuramente, uma área ainda desocupada dará lugar a uma horta comunitária e campo de futebol society.
A Marinalva é, por enquanto, a única a trabalhar com educação integral na rede pública de Guarapari e começou as atividades no ano passado como piloto – quando apenas uma parte das turmas possuía esse perfil. “Primeiro, realizamos um trabalho de orientação dos pais, alunos, professores e comunidade, explicando como é o funcionamento de uma escola integral. Felizmente, quase todos abraçaram o projeto e houve poucos pedidos de remoção para escolas de tempo regular”, comemora Alessandra.
As turmas são do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, atendendo uma faixa etária de 12 a 15 anos. Durante o turno, os alunos assistem às matérias tradicionais e no contraturno, são dadas lições de reforço de Português e Matemática, língua estrangeira e outras disciplinas ligadas ao esporte (Dança e Xadrez) e à arte (Arte na História e Teatro). Há ainda o laboratório de Ciências, onde também são dadas as aulas de Robótica. Todo o equipamento foi comprado com recursos do Programa Mais Educação, do Governo Federal.
Rotina diferenciada
Outro detalhe é que a rotina da escola funciona como a de uma universidade. Não são os professores que mudam de sala de aula, mas os alunos que se dirigem ao local onde será dada cada disciplina. “Fizemos isso para dinamizar o ambiente e também para o bem-estar do aluno. Afinal, seria muito difícil para um adolescente ficar o dia inteiro olhando para as mesmas paredes”, observa Alessandra.
Se os alunos aprovaram a iniciativa? A resposta vem de atitudes simples, como a concentração deles no laboratório, onde apresentam seus primeiros projetos de robótica ou o entusiasmo para começar a jogar algumas partidas de xadrez enquanto a reportagem e o professor organizavam as peças no tabuleiro para tirar algumas fotos.
“Vamos professor, queremos jogar de novo”, disse um dos estudantes. Detalhe: estávamos no intervalo entre os turnos da manhã e da tarde: hora de almoçar, descansar e colocar a conversa em dia com os colegas.
Professores mais motivados
O modelo da escola integral não agradou apenas aos alunos. Professores também se sentiram mais motivados ao terem uma maior liberdade na aplicação dos conceitos. Para a professora de Robótica e Ciências, Cibele Kemeicik, mais do que ensinar a fazer objetos do cotidiano ganharem movimento, as aulas de robótica são uma chance de estimular os alunos a encontrar soluções através do método científico: diagnóstico, tese e experimentação.
“Também criamos uma competição entre todas as salas, criando três equipes em cada uma delas. Durante as aulas, elas competem para ver quem se sairá melhor nos oito projetos que vamos fazer ao longo do ano. Em dezembro, a melhor da escola ganhará um prêmio especial”, adianta. Uma equipe da escola também já está se preparando para participar da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), na categoria Lançamento de Foguetes.
Já o professor de Arte na História, Gustavo, revela que esta é a chance de introduzir uma nova prática de educação e conteúdos não tão presentes na aula regular. “Aqui eu posso, por exemplo, ensinar o modo de vida dos romanos ou dos vikings estimulando os alunos a criarem suas próprias histórias em quadrinhos usando esses personagens. Ao observar o cenário, os diálogos, até mesmo sem querer, eles aprendem a história e cultura do local. E esse aprendizado, mais lúdico, é o que vale. Porque fica gravado na memória deles. Quando eu poderia fazer isso de maneira eficiente com a carga horária regular?”, observa.
Reportagem: Gabriely Sant’Ana
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