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Guarapari tem 1163 moradores de rua cadastrados
Por Glenda Machado
Publicado em 8 de julho de 2015 às 17:56
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Terrenos baldios viram áreas de camping, marquises se transformam em abrigos e as ruas se tornam o lar de muitos homens e mulheres em Guarapari. O Folha da Cidade percorreu as principais avenidas da Praia do Morro: Oceânica, Praiana, Atlântica, Copacabana, Munir Abud e Paris. Em uma única noite, contamos 32 moradores de rua no dia 24 de junho.
A maioria já estava dormindo, debaixo das cobertas. Outros não quiseram papo com a nossa equipe. Alguns já estavam alterados com a ingestão de álcool. Mas entre uma conversa e outra, conseguimos descobrir diferentes histórias de vida. Como é o caso de um casal que vive há mais de 10 anos pelas ruas.
Não quiseram tirar fotos, mas posso tentar descrever o cenário onde fazem da lona uma barraca para dormir, o latão vira um fogão improvisado e as colchas velhas servem de cama. De poucas palavras e arredios nos contam que estão na oitava gestação. No entanto, quatro não vingaram. Os três que nasceram foram encaminhados para adoção, pois o parceiro não abre mão de morar na rua. Mas por ela, de forma tímida e acanhada, ficaria com o neném.
Essa é apenas uma de muitas histórias por trás dessa crescente população de rua. Só cadastrados na prefeitura são 1.163 desde 2009, sem contar os reincidentes. Deste total, apenas 4% são realmente de Guarapari; 31% são de cidades vizinhas; 25% de Minas Gerais; 14% da Bahia; 10% do Rio de Janeiro, 8% de São Paulo e o restante de outros federados. É o que mostra um levantamento do Centro de Referência Especial da Assistência Social (Creas).
“A Prefeitura disponibiliza banho com distribuição de material de higiene pessoal e refeições na Casa Dia. A instituição funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Prainha. Além de plantões realizados uma vez por semana pela equipe de abordagem. A Casa Dia atende em média 60 usuários por mês”, conta a gerente de Proteção Social Especial, Tatiane Littike.
De acordo com ela, é feita toda uma assistência inclusive mediante contato com familiares. Mas a maioria está nas ruas por opção. “Acionamos a família, compramos passagem e encaminhamos muitos de volta para seus lares. Mas eles sempre retornam”, afirma a gerente. Tatiane ainda destaca outros projetos sociais da prefeitura voltados para a população de rua.
“No final do ano passado, conseguimos inserir seis moradores de rua no mercado de trabalho. Eles trabalham com reciclagem e ganham por produção na Asscamarg. Também temos o aluguel social. Três famílias hoje estão nesse sistema, quando a prefeitura paga o aluguel mensal de R$ 350 por até seis meses – tempo para que se ressocializem, consigam emprego e então paguem o próprio aluguel. É um primeiro passo para depois caminharem sozinhos”.
Enquanto isso, muitos têm tirado a paciência e a tranquilidade de moradores e comerciantes do bairro. Como de um casal que mora e têm um restaurante na Av. Praiana. “Eles dormem na calçada do nosso prédio, mas ficam em frente à porta, não saem para entrarmos. Quando falamos, ficam até violentos. Deixam sujeira, fazem xixi nas paredes. O cheiro fica insuportável”.
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