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“Terminei os estudos e agora vou fazer pedagogia”
Por Glenda Machado
Publicado em 21 de março de 2017 às 09:18
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Dentre os 365 dias do ano, o “21/03” foi inteligentemente escolhido porque a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo “21”, que deve ser formado por um par, mas no caso das pessoas com a síndrome, aparece com “3” exemplares (trissomia). Mais interessante ainda que a origem da data, é a sua razão de existir. Afinal, por que comemorar uma síndrome?! E é com esse objetivo, que a Pestalozzi de Guarapari, entidade que por coincidência comemora seus 30 anos na cidade em agosto, abriu as portas para dar visibilidade ao tema.
Em algumas poucas horas de contato com os pequenos e adultos, muitos talentos são revelados. Dentro das suas limitações, o diferente se torna apenas um detalhe dentro da infinidade de possibilidades que os alunos encontram dentro da instituição. Prova disso é a Micheli Gomes de Souza, atendida na Pestalozzi desde o seu primeiro ano de vida, história que se confunde com a própria entidade. Quem conta um pouco de como tudo começou é a mãe dela Delacy Menezes Gomes. “A Michele está aqui desde quando a Pestalozzi era em Muquiçaba. Vivenciei a evolução de tudo, da instituição e também da minha filha. É muito gratificante ver o quando ela evoluiu e se desenvolveu”.
E isso, não precisava de ninguém falar. A própria Micheli deu conta do recado sozinha e fez logo a sua apresentação. “A Pestalozzi é minha segunda casa, aqui eu canto danço e faço várias atividades. Já terminei os meus estudos e agora quero fazer minha faculdade de pedagogia e ninguém vai tirar de mim o sonho de ser professora”.
Um pouco mais tímido que a Michele, mas com um sorriso estampado no rosto Luciano Santana, ao lado da sua mãe Beatriz Santana, contou que a família e os amigos são muito especiais na vida dele. “Eu agradeço aos meus amigos, a minha mãe e também a minha professora Joelma que me ensinam a cada dia”.
A mãe dele conta que mesmo nas dificuldades, a instituição sempre a ajudou a se manter firme e acompanhar o crescimento do seu filho. “É motivo de alegria ver nossos filhos bem e saudáveis independente das limitações. Evoluímos muito no preconceito, mas temos muita coisa ainda para conquistar”, completou dona Beatriz.
Para Joelma Monteiro Conceição, professora na instituição há 15 anos, a data é uma oportunidade importante para reduzir a origem do preconceito, que é a falta de informação correta. “Em outras palavras, combater o “mito” que teima em transformar uma diferença num rótulo, numa sociedade cada vez mais sem tempo, sensibilidade ou paciência para o diferente”, explicou.
Ainda de acordo com Joelma, é muito importante que todos saibam que cada pessoa com síndrome de Down também tem gostos específicos, personalidade própria e individual, habilidades e vocações distintas entre si. Portanto, devem ser evitados os “rótulos” provocados por expressões do tipo “Ah, como ‘os Downs” são carinhosos!” ou “Eles são todos tão teimosos, não?!”… Em respeito à individualidade de qualquer ser humano, esse tipo de generalização não deve ser aplicada a nenhum grupo, nem a este, por melhor que seja a intenção de quem o faz.
E não só de intenção e sim de atitudes que os portadores de deficiência mais precisam. Quem vivencia isso de perto é a gerente administrativa Fabíola de Araújo Rosa. Para ela que está a no grupo administrativo da instituição desde 1985, toda convivência saudável entre amigos e familiares, colegas e sociedade, de maneira atenta a todo tipo de diversidade, é sempre muito enriquecedora. “O mesmo acontece quando você tem a oportunidade de conviver com uma pessoa com a Síndrome de Down. Olhe para ela, e não para a síndrome, e você vai descobrir um ser humano tão incrível quanto você”.
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