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Ele encontrou nas redes sociais uma forma de enfrentar o câncer
Por Glenda Machado
Publicado em 15 de maio de 2017 às 16:38
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Ser diagnosticado com câncer não é uma notícia de fácil aceitação. Os sintomas e o tratamento doloroso deixam os pacientes desanimados e desconfortáveis com a situação. Mas não necessariamente precisam agir assim. Matheus Guimarães, prestes a fazer 29 anos, tinha uma vida normal. Dias de trabalho em sua loja de açaí, sair com a namorada e às vezes um futebol com os amigos. Ao ser diagnosticado com câncer, ficou um pouco assustado, mas percebeu que precisava ser mais forte que a doença. Hoje, a sua história de luta e a forma como lida com os sintomas inspiram outras pessoas. Tanto que ele costuma receber comentários como “nem parece que você tem câncer”.
A notícia de que tinha câncer não veio da melhor forma. Em meados de dezembro de 2016, Matheus sentia fortes dores nas costas, sem saber o que era procurou vários médicos no município, da rede pública e até mesmo particular. Depois de fazer vários exames chegou a ser diagnosticado com pedra nos rins. Cansado com essa rotina ele procurou o Hospital Jaymes dos Santos Neves, onde recebeu a notícia que tinha câncer no pulmão. “As dores que eu sentia eram por causa do tumor que quebrou uma vértebra na minha coluna. Depois dos exames constataram que eu estava um adenocarcenoma agressivo e quando descobriram de fato o que era o meu câncer já tinha se espalhado”, relata.
Indignado com a situação da saúde pública de Guarapari, Matheus utilizou sua conta no Facebook para desabafar. Em seu primeiro post uma surpresa: 3,1 mil curtidas, 1.057 compartilhamentos e 1,5 mil comentários. O post, que se tornou viral, deu mais força para ele continuar. Remédios, alimentação e tratamento são detalhados nas descrições das fotos. “Se eu já compartilhava um pouco da minha vida na rede social por que eu teria que ter vergonha da minha nova rotina?”
Matheus conta que as pessoas pedem que ele escreva mais e que suas postagens dão força para outras pessoas na mesma situação. “As pessoas dizendo ‘obrigado pela força’, ‘nossa, que bom te ver assim’, ‘eu também tô doente, mas posso sair de casa, fazer exercício, posso sorrir’, ‘a vida não acabou’.
Com um humor ácido e cheio de críticas políticas, ele encontrou na rede social uma forma de superar a doença de forma leve. O apoio da família, dos amigos e da namorada também tem dado força à sua recuperação. Nas sessões de quimioterapia, que ele faz uma vez por mês, tenta levar um pouco da sua alegria para aqueles que se entregam para doença. “Como paciente, só me cabe ser paciente, no sentido de paciência mesmo. Saber esperar o momento certo, se vier a cura – o que eu torço muito -, é um exercício de humildade.”
Quatro meses depois de seu primeiro post ele relembra que pouca coisa mudou na saúde do município. “Alguns vereadores me procuraram, pra sei lá o que, mas nada fizeram pra tentar interceder, não sei quais são os critérios adotados nesses casos, mas sei que a função dos mesmos é fiscalizar o executivo e etc, e se não funciona, o executivo tem culpa, e se ele tem culpa, o legislativo devia fazer algo, não? Pessoas morreram, após o ocorrido comigo, houve a troca na pasta da saúde, o afastamento de um médico por negligência e só! Não por mim, eu sei… Mas penso que isso é muito pouco!”, finalizou.
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