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Artigo: Aroldo Bigossi, da Cabeça Quebrada para Muquiçaba e depois de 40 anos fez o caminho de volta sem amarelar
Por Antônio Ribeiro
Publicado em 29 de maio de 2022 às 09:00
Atualizado em 31 de maio de 2022 às 10:30
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Toda vez que entrevisto algum guarapariense de 90 a 100 anos, me convenço mais que aqui existe algo especial e deveríamos conhecer melhor, não só para divulgar e atrair turistas, mas também para benefício próprio, já que a radioatividade para nós não custa nada e traz muitos benefícios.
Nosso entrevistado do mês, Aroldo Bigossi, tem 88 anos, nenhuma limitação física, agilidade mental e memória de dar inveja, afora uma vontade de viver, que o fará passar dos 90 com certeza e o coloca como candidato ao centenário, com apoio logístico e dedicação da filha Tânia.
Ficamos mais de duas horas conversando, na maioria do tempo, ele falando, sem um único vacilo, dúvida ou lapso de memória. Lembra de tudo, com sequência histórica, anos, nomes e fatos, sem um único erro sequer. Pensem que falamos de cinquenta e sessenta anos atrás!
Serviu o exército no Rio de Janeiro, o que não deixou de ser um aprendizado para ele. A vida regrada do quartel o treinou para ser organizado, sério e dedicado, o que o ajudou na arte de bem comprar e vender, afora a conquista da clientela, pela vida treinada no quartel.
Em 1.966 nosso herói saiu de Cabeça Quebrada, porque a broca comeu o café e a vida no interior ficou difícil. A princípio, montou um comércio em Rio Grande, mas pouco tempo depois, mudou-o para Muquiçaba, nas proximidades da Ribeiro e Pádua e São Pedro.
Começou com secos e molhados, para em pouco tempo, vender de tudo. Recebia arroz e vinho do RS, fumo e mate do PR e uma infinidade de outras coisas do RJ e SP. Tudo que vinha vendia, sendo que nos sábados trabalhavam sem dar conta, de tanto que vendia.
Em 1.967 viu construir o primeiro prédio na Praia do Morro e logo outros, aumentando ainda mais sua clientela. Logo vieram muitos outros edifícios e clientes, só não vinham concorrentes, deixando-o quase sozinho para atender todo aquele crescimento da região.
Trabalhava muito, sacrificando a família, mais ainda quando de 73 a 77, foi vereador por incentivo do prefeito Hugo Borges. Mais um que foi na política e não quis mais saber dela. Era um trabalho extra sem ganho e criador de inimizades, tudo o que não queria.
Aguentou este ritmo por 33 anos, até formar e ver casar as duas filhas e ter as netas. Quando decidiu parar e fazer a viagem de volta. Comprou um sitio em Amarelos, que ainda preserva até os dias de hoje, como o seu cantinho.
Há quatro anos ficou viúvo e passou a se dividir entre a casa no centro de Guarapari, o sítio de Amarelos e a volta onde tudo começou: Cabeça Quebrada, ficando na casa da filha Taninha e do genro Tatao, quase lá morando.
Motivado pela filha administradora, hoje aluna do curso Guia de Turismo, criou gosto por viajar, tendo ido a Foz, Morro de São Paulo, Aparecida e criado coragem para ir a Montevidéu e Buenos Aires, não a daqui e sim a capital da Argentina.
Lê muito e tem uma biblioteca bem organizada. Gosta de história e de estórias, que conta muitas, com riqueza de detalhes. Para relaxar cria galinhas e se alimenta mais de frutas, se bem que não resiste aos lácteos, em especial ao Toddynho.
Aos que quiserem saber segredos para viver muito, gosta de caminhar, é magro, come pouco, respira bem e fala muito, sem guardar magoas ou ressentimentos. Tem prazer em viver e conviver, na cidade ou no campo.
A NASA já deveria ter mandado alguém a Guarapari estudar a longevidade que existe aqui!
(*)Antônio Ribeiro é autor do Guia de Férias e Feriadões, além de outros 46 livros e mais de 150 artigos sobre Guarapari.
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