Anúncio
Cadê a chuva? Enquanto ela não vem, a solução é economizar
Por Livia Rangel
Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 11:09
Anúncio
Você se lembra qual foi a última vez que choveu em Guarapari? Nossa reportagem refresca sua memória: dia 16 de dezembro. Trata-se de um evento climático extremo, já que essa época é conhecida pela ocorrência de um grande número de chuvas. Basta lembrar que no final de 2013, o Estado sofreu uma das maiores enchentes da sua história, deixando milhares de desabrigados.
Naquela época, as águas não foram tão severas com Guarapari, ao contrário do que acontece agora com a seca. O nível dos principais rios que cortam a cidade está muito abaixo do esperado para a época e segundo a Cesan, provocou a redução de 20% da produção e distribuição da água no município.
Se até o dia 28 de dezembro, a produção era de 700 litros de água por segundo, a partir de então, só consegue produzir 540 litros de água no mesmo intervalo de tempo. Justamente na época em que a população quase triplica, devido à sua vocação turística. O resultado são caixas de água vazias, torneiras secas e racionamento. E no Carnaval, a situação não deve ser diferente.
“Se não chover e os níveis dos rios baixarem ainda mais, vamos ter que entrar com campanhas mais fortes. A ajuda da população, economizando água, é fundamental”, assinala a diretora-presidente da Cesan, Denise Cadete.
Reuniões. Guarapari, afirma a diretora, apresenta hoje o mesmo quadro da virada do ano, com problemas principalmente em alguns bairros, como Praia do Morro e Muquiçaba. Para amenizar o quadro, além de abastecimento com carros pipa (solicitados pelo 115), a empresa tem se reunido com comerciantes, setor hoteleiro, associações de moradores, entre outros setores em busca de ajuda para economizar água.
Presente em um desses encontros, Renato Cezar, que é proprietário de uma pousada na Praia do Morro, afirmou ficar decepcionado com o teor das apresentações. “Esperávamos ouvir alguma solução concreta, como uma ação de limpeza no rio ou construção de barragem, mas a conversa girou em torno do assunto de sempre: a culpa é da falta de chuvas”.
Segundo ele, o único ponto positivo foi a autorização da Cesan para que donos de pousadas e outros estabelecimentos turísticos pudessem pedir o carro-pipa da companhia (gratuito) em casos de emergência – até então apenas pessoas físicas poderiam fazer a solicitação.
Como alternativa para atender os 116 hóspedes da época do Réveillon, Renato disse que precisou contratar carros-pipa a um valor de R$ 800,00 a remessa. “Tivemos clientes que foram embora mais cedo, no dia 2, por causa da falta de água. Porque corremos atrás, não faltou água nos quartos, mas também tivemos que fazer plantão 24 horas, observando em quais momentos a água voltava a cair na caixa de água para fazer um estoque maior”. [box style=”1″]
O que diz a meteorologia
Segundo a equipe de meteorologia do Incaper, um bloqueio atmosférico tem mantido o tempo seco e quente na maior parte do Estado. “Este sistema meteorológico nada mais é que um anticiclone ou sistema de alta pressão, mais popularmente chamado de massa de ar seco”, destaca em nota. Contudo, o normal é que essa massa de ar permaneça em uma região por em média, cinco dias.
“No caso atual, o sistema tem provocado um longo veranico, período longo de estiagem, acompanhado por calor intenso, forte insolação e baixa umidade relativa em plena estação chuvosa ou em pleno inverno, principalmente na Grande Vitória e no leste da região Serrana”, completa a equipe do Incaper.
O fenômeno está associado ao baixo volume de chuvas que ocorreu no ano passado em que o total de chuva acumulado ficou abaixo da média histórica, principalmente nos meses chuvosos, de janeiro a março e de meados de outubro a dezembro.
E a escassez de chuvas deve permanecer pelo menos a curto prazo. Para os próximos dias, a previsão do tempo é de que a chuva fraca e rápida que tem ocorrido em parte do Norte capixaba, especialmente no litoral, vá ficando cada vez mais isolada. Assim, o mês deve fechar com chuvas abaixo da média em todo Espírito Santo.
[/box]
Plano prevê construção de barragens e rede de monitoramento
Para a distribuição de água no Espírito Santo não ficar dependente apenas do fluxo de chuvas, a Agência Estadual de Recursos Hídricos – AGERH informa que está criando o Programa Capixaba de Segurança Hídrica e do Uso Sustentável da Água. Entre outras ações, ele prevê o lançamento de editais de construções de barragens e mecanismos de incentivo ao reuso da água, como incentivos fiscais e tributários.
Segundo a AGERH, existem atualmente 34 projetos de barragens aptos a serem licitados, que já contam com recursos e edital concluído. Destes, cinco já possuem aprovação técnica do Conselho Gestor do Fundágua e dos Comitês de Bacia para contratação, restando apenas definição do governo para o Orçamento 2015.
Outra ação planejada pela agência é a construção de uma rede integrada de monitoramento dos rios. Hoje, a rede conta com trinta e nove pontos – quatro deles com transmissão em tempo real via satélite – que deve servir como base para um sistema de alerta para eventos extremos (secas e inundações). A previsão é que, até o final do ano, sejam modernizadas mais sete estações como esta e mais outras sete sejam construídas, assim como uma sala de situação para acompanhamento dos dados.
Reportagem: Gabriely Sant’Ana
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização do FolhaOnline.es.
Tags:
Anúncio
Anúncio
Veja também
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio