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Coluna Palavra de Fé: Ano novo: páginas para escrever

Publicado em 29 de dezembro de 2024 às 09:00
Atualizado em 29 de dezembro de 2024 às 09:01

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pela fe - Coluna Palavra de Fé: Ano novo: páginas para escrever
Foto: reprodução

Já estava desacostumado, mas depois de muito tempo meu professor passou um gigantesco trabalho manuscrito. Nessa era de computador, tablet, etc, desaprendemos a escrever à mão. Na universidade, os cadernos foram substituídos por notebooks, até mesmo as aulas nos quadros foram parar no projetor do datashow.

A evolução nos deixa acomodados. A gente se acomoda com a companhia dos artistas da TV, quando não há ninguém ao lado no sofá; se acomoda a mandar mensagem pelo celular ao passo que se desacostuma com a voz e o toque do outro. Muitas teclas, pouco toque. Muitas telas, pouca visão. Muitos dados, poucos abraços.

Porém, não quero hoje fazer uma crítica ao “progresso”. Aliás, quem sou eu para isso? Mas, esse tal trabalho manuscrito foi – além de cansativo – uma oportunidade de reflexão. No começo, tudo resumia-se a páginas em branco. Depois, a caligrafia foi tomando conta das folhas. 

Não escrevemos o começo sabedores do fim. A questão é que precisamos voltar urgentemente a escrever, sobretudo quando estamos diante de folhas vazias. Parece-me que a humanidade, de tanto digitar, esqueceu de escrever. De escrever a própria história, mesmo que com as rasuras que o tempo traz.

Quando perguntaram ao professor a razão pela qual o trabalho não poderia ser digitado, ele respondeu: “é para evitar cópias”. Posso estar enganado, mas muitos têm escrito suas histórias com cópias. Vestimos o que a moda dita, frequentamos os lugares em alta, queremos o que o outro tem. Outro dia, um cidadão fez cirurgia plástica para ficar “idêntico” ao seu artista favorito. Ctrl C, Ctrl V! Cópia! 

No fracasso de escrever a própria história, surgem os copiadores. Os que copiam loucuras ideológicas e promovem o mal, os que copiam a ganância, a sede pelo poder, e atentam contra a vida. O homem perdeu seu poder criativo para ser um mero reprodutor. E, ultimamente, pelo que vemos nos noticiários, um mero reprodutor da maldade.

Precisamos voltar a usar caneta e papel, a experimentar a beleza das páginas em branco que, pelo dom de Deus, vão se preenchendo, ganhando vida e sentido. Em nós foi soprado o fôlego da vida para que, com o Pai segurando bem firme em nossas mãos, pudéssemos escrever histórias. Histórias em que a maldade é sucumbida pelo amor, em que a indiferença some diante da compaixão.

Lógico, escrever à mão dá muito mais trabalho, sobretudo quando a gente erra uma frase no final da folha. Na verdade, a gente aprende que na vida as coisas não voltam. Aprende que a palavra e a flecha lançadas não voltam. Isto é, nos ensinaram que não há espaço para corretivo, que uma vez preenchidas as páginas em branco, não dá para rasurar, apagar, ou voltar.

Por mais que isso seja senso comum, tenho que acreditar que não é uma verdade total. Preciso discordar. Essa ideia de que as coisas não voltam e de que “o que já foi já foi” nos leva a não querer reparar nossos erros. Apesar da vida – de fato – ser escrita a caneta, com o tempo os corretivos saíram de nossos estojos. 

No mundo digital, basta clicar o “delete”. No nosso mundo, o esforço é maior. Mas, isso não é empecilho para reparar erros. Fato é que para continuar a escrever com excelência, tem que consertar defeitos. Na disputa de egos, é sempre difícil dizer: “Eu estou errado!” Mas, isso é necessário. Ninguém corrige nada se não reconhecer, seja em casa, no trabalho ou na comunidade.

Aprendi com o salmista o “quão é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados!” (Salmo 32:1) Disse ele: “enquanto escondi os meus erros, o meu corpo definhava. Então, reconheci diante de Ti o meu erro e não encobri as minhas culpas e o Senhor as apagou.” (Salmos 32:3,5)

Escrever com caneta em papel realmente causa esse problema, erros não se apagam tão facilmente. Mas, não podemos deixar de acreditar em segunda chance, não devemos jogar fora o corretivo, nem rasgar a folha, pois correríamos o risco de perder muita coisa boa que já foi escrita. Pense nisso, já estamos no final de mais um ano, mas – pela graça de Deus – ainda temos muitas páginas em branco.

As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es

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