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Coluna Palavra de Fé: Súcia
Publicado em 16 de junho de 2024 às 11:00
Atualizado em 16 de junho de 2024 às 11:00
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Conta a tradição rabínica que o rabino Súcia, um santo homem, chorava sentidamente no seu leito de morte. Os discípulos perguntaram: “Por que chorais, se fostes sempre tão piedoso? Porventura temes que o Senhor pergunte por que não fostes um Moisés?”
“Não”, respondeu o rabino, “na verdade receio é que Ele me pergunte: Súcia, por que não fostes Súcia?”
Autenticidade é uma palavra interessante, significa “natureza daquilo que é real ou verdadeiro, estado do que é genuíno.” O termo “crise de identidade” nunca foi tão utilizado em palestras, seminários, etc. Parece que em algum momento a humanidade se perdeu de tal forma que a vida passou a ser uma colcha de retalhos de vidas alheias.
Muitos querem ser o que o outro é e ter o que o outro tem. A história de Israel relata exatamente isso. No primeiro livro de Samuel, no capítulo 8, o povo tenta convencer ao já idoso profeta a lhes conseguir um rei. Mas, o interessante é o argumento utilizado no versículo 5: “constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações”.
Em outras palavras, já que toda nação tem um rei, nós queremos também! Então, o profeta tenta advertir o povo, aduz que era só olhar para os países vizinhos e perceber que ter um rei carnal significava trabalhos forçosos, altos impostos, exploração e perda de liberdades pessoais.
O povo insiste, a história prossegue e Deus permite que Samuel dê um rei ao povo. Já no capítulo 12, o profeta adverte novamente que se o Eterno deixasse de ser o Rei do povo, tanto a nação como a monarquia seriam destruídas (vs. 25).
Foi mais ou menos assim: “já que todo mundo tem, eu quero ter também”. Dessa forma, começamos a ter em nós um pouco de todo mundo e nada de nós mesmos. Basta entrar nas redes sociais para perceber pessoas com milhões de seguidores que aguardam ansiosamente orientações de qual roupa, discurso utilizar.
Me faz lembrar minha infância, quando pedia algo a minha mãe e meu argumento era: “todo mundo na escola tem”. A resposta vocês já conhecem: “meu filho, você não é todo mundo.”
É bom lembrar: nós não somos todo mundo! É tempo de reafirmar que Deus nos fez únicos. É sempre bom aprender com o outro, tem muita gente boa por aí para nos ensinar grandes coisas. Mas, nós não somos o outro. As palavras: “eu discordo de você” fazem parte de relações humanas saudáveis, nas quais a imposição dá lugar ao diálogo e a tolerância.
Ora, nem todo mundo tem que pensar como eu penso e aquele que discorda de mim não é meu inimigo. Mas, estamos todos submetidos ao senhorio de Jesus Cristo e, por conseguinte, aos valores do Reino e da Bíblia Sagrada.
Gosto quando Jesus consegue ver exatamente quem era a mulher descrita no Evangelho de João, no capítulo 4. Isso porque ela logo se apresenta como samaritana e “já que todo samaritano não se comunica com judeus, eu também não posso me comunicar.” Jesus consegue retirar dela todos os rótulos e enxergá-la de verdade.
É triste afirmar, mas falta gente que nos enxergue de verdade. E o problema nem sempre está no outro, mas sim em nós mesmo que não mostramos o que somos de verdade. Ou pior, que nem sabemos o que de fato somos. Haja números para contar as máscaras que andam por aí.
Jesus está pronto para retirar nossa colcha de retalhos existencial e nos dar vestes novas, sem imitações e plágios. Diante de Deus, precisamos ser quem somos, confessar a Ele nossos mais íntimos sentimentos, sem medo, sem pavor.
É tempo de entregar nas mãos do Pai nossas crises de identidade e existenciais. É tempo de afirmar que apesar de todo mundo querer ser rei de si mesmo, nós queremos a Deus como nosso único Rei.Porque assim ouviremos do Pai o que provavelmente ouviu o piedoso rabino: “Parabéns, Súcia, porque você realmente foi o Súcia que criei.”
As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es
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