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Diretores do Hospital São Judas Tadeu são acusados de estelionato
Por Glenda Machado
Publicado em 11 de junho de 2015 às 17:51
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Eles falsificavam autorização de internação de pacientes para receber verbas do SUS
Dois diretores do Hospital São Judas Tadeu estão sendo denunciados por estelionato pelo Ministério Público Federal (MPF-ES). A ação corre na 1ª Vara Federal Criminal de Vitória. A Justiça expediu o mandado no dia 3 de junho à diretora-geral, Leila Maria Coutinho Pereira, e ao diretor-técnico, Carlo Frederico Machado de Azevedo. Agora, eles têm que preparar a defesa para então o juiz definir se receberá ou não a denúncia do MPF.
De acordo com a ação, eles fraudavam registros de internação de pacientes para receberem, de forma irregular, verbas do Sistema Único de Saúde (SUS). O caso chegou ao órgão por meio de denúncia. O MPF acionou o Departamento Nacional de Auditoria do SUS do Estado (Denasus) que fez a auditoria no hospital, onde constatou pelo menos 94 casos em que a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) foi emitida sem a apresentação dos prontuários.
A AIH é o documento utilizado pela unidade credenciada para efetuar a cobrança do SUS. Mas só foram fiscalizados os documentos referentes aos meses de janeiro, março, abril e maio de 2012. Segundo o MPF, as acusações também foram confirmadas mediante depoimentos de funcionários do próprio hospital.
De acordo com eles, Leila era quem determinava a falsificação dos prontuários, inclusive constrangendo enfermeiros a preenchê-los com seus próprios nomes e de familiares. Ela contaria com a conivência e atuação do médico Carlo Frederico – que assinou grande parte dos documentos fraudados.
O Denasus ainda constatou que o hospital emitiu 41 autorizações de internação por dois, três e até quatro dias de pacientes que foram atendidos e liberados no mesmo dia. Outras nove foram emitidas para cobrança de tratamento incompatível com o diagnóstico e até mesmo sem o próprio diagnóstico.
Os relatórios da auditoria ainda destacam a condição precária dos prontuários que não continham dados obrigatórios como exame físico, hipóteses diagnósticas, prescrição médica diária, evolução clínica nem descrição cirúrgica. Além disso, havia folhas em branco e rasuras em datas e nas anotações relativas aos cuidados de enfermagem.
OUTRAS IRREGULARIDADES
Dr. Carlo ainda é acusado de praticar concussão, já que como médico e servidor público exigiu de uma paciente vantagem indevida para realizar parto em hospital filiado ao SUS. Também foi denunciado por realizar esterilizações cirúrgicas sem respeitar o prazo mínimo entre a manifestação da vontade do paciente e a cirurgia.
Durante a apuração de falsificação de documentos, a equipe da auditoria ainda deparou-se com irregularidades sanitárias; realização de partos sem assistência médica ou mesmo de enfermeiros; plantões noturnos sem a presença de enfermeiros com nível superior; ausência de médicos à noite que estavam escalados para plantões 24h; falta de alvará sanitário e ainda não contava com serviço de radiologia para confirmar os diagnósticos mesmo prestando serviços de ortopedia.
O OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato por telefone com o Hospital São Judas Tadeu. Mas nos foi informado que o responsável não estava presente e não tinha hora para voltar. Anotaram os contatos da redação, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
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