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Entrevista: Felipe Rigoni fala sobre desafios do Espírito Santo no pós-pandemia
Confira entrevista do deputado federal ao Folhaonline.es
Por Gislan Vitalino
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 11:58
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Com a aproximação de um cenário de pós-pandemia da Covid-19, uma nova preocupação passa a povoar a mente de economistas e cientistas políticos. Em todo o país, as atenções se voltam para a retomada da economia. Nesse cenário, o deputado federal Felipe Rigoni (sem partido), se propôs a circular o estado do Espírito Santo para entender como as pessoas têm encarado essa retomada.
Nesta quinta-feira (07), Rigoni esteve em Guarapari e, entre as agendas com lideranças políticas, cedeu uma entrevista ao jornal Folhaonline.es. Felipe Rigoni foi eleito o segundo deputado mais votado do Espírito Santo em 2018. Com isso, o deputado natural de Linhares entrou para a história como primeiro deputado cego a ocupar cadeira na Câmara dos Deputados. Confira, na entrevista abaixo, o que o deputado tem notado ao circular o Espírito Santo.
Confira a entrevista:
Folhaonline.es: Deputado, o que é o projeto Rota 78 e quais são os objetivos?
Rigoni: Nesse momento, em que a pandemia está reduzindo e, se der tudo certo, até o fim do ano a gente vacina todo mundo, a gente precisa se preocupar com a retomada econômica. E para além dos estudos, notas técnicas, isso a gente vê o tempo inteiro, é muito importante entender como é que as pessoas estão vendo esse momento, qual a percepção dessas pessoas dessa retomada, o que elas pensam que é necessário na região em que vivem.
O Rota 78 tem esse nome justamente porque, até o fim do ano, vamos rodar os 78 municípios do Espírito Santo, justamente para ver o que as pessoas estão pensando nesse momento e quais são as principais demandas. O resultado final disso vai ser um mapa de necessidades do nosso estado.
Folhaonline.es: E quais regiões já foram visitadas?
Rigoni: Já foram mais de 15 municípios. Estivemos no extremo norte, em Pinheiros, Montanha. Visitamos Anchieta, Itapemirim, Kennedy, Piúma. Já fomos em Serra, Cariacica, São Mateus, Ponto Belo. Agora estamos em Guarapari.
Folhaonline.es: Já temos um desenho dessas demandas da população?
Rigoni: Até pelo momento que o Brasil vive, todas as regiões enfrentam uma necessidade brutal de geração de emprego e renda. Existem variações, obviamente, mas existe uma necessidade geral de estímulo da economia, o que é natural nesse cenário.
O Espírito Santo, especificamente, tem vivido uma questão muito séria com a segurança. As pessoas têm apontado essa mesma questão. Isso aparece também nos indicadores, nos estudos. A gente não consegue mais reduzir tanto quanto antigamente e não consegue ter uma resolutividade grande nos municípios de furtos, roubos. Os crimes contra o patrimônio estão muito graves. Existem várias maneiras de lidar com isso, mas vamos precisar de uma preocupação grande com essa questão.
Também pelo momento que estamos vivendo, existe uma questão social muito grande. Tem muita gente na rua em todos os lugares, muitas pessoas precisando não só de emprego, mas de ajuda emergencial mesmo. Pessoas passando fome, precisando cuidar da sua família, dos seus filhos e temos que trabalhar para resolver isso. Seja por lá, em Brasília, que há coisas para serem feitas, seja por aqui, em todas nossas articulações, temos que nos preocupar muito urgentemente com isso.
Folhaonline.es: Em relação ao crescimento econômico, quais são os desafios que o Estado tem enfrentado?
Rigoni: A gente não pode deixar de reconhecer que o Espírito Santo é um estado que tem melhorado muito ao longo dos últimos 20 anos. Somos o estado mais equilibrado fiscalmente no Brasil, somos nota A desde 2012 em gestão fiscal, temos uma renda per capta relativamente alta, mas ainda enfrentamos desafios muito grandes.
Nesse sentido, creio que os dois principais desafios que o Estado enfrenta passam pela inserção de tecnologia e a preparação das pessoas. Nós somos um estado pequeno. Não há uma perspectiva de nos tornarmos um grande centro consumidor como São Paulo. Para termos renda, é preciso inserir tecnologia.
O Espírito Santo tem vocação para isso. A gente já tem startups como o PicPay, a Shipp, a Zaitt e várias outras que estão sendo criadas. Mas precisamos colocar a tecnologia no centro de tudo que a gente faz a nível econômico.
Folhaonline.es: E qual seria o caminho para isso?
Rigoni: O primeiro passo é a formação de pessoal. Também a formação técnica profissionalizante, mas formação tecnológica avançada também. Estive esses dias com a Associação de Empresas de Tecnologia e eles tem um déficit de pessoal muito grande e a pandemia acelerou esse processo.
Mesmo no Governo do Estado, temos um governo que ainda não é digitalizado. Existe o e-docs, que funciona internamente, mas não para botar o Governo na palma da mão das pessoas. As empresas estão todas se digitalizando, na agricultura, por exemplo, temos níveis de tecnologia na agricultura muito altos no centro-oeste do Brasil. A agricultura capixaba é muito importante para a nossa economia, mas está completamente abandonada nesse sentido.
Precisamos dar essa atenção de forma transversal, na educação, na agricultura, no governo, nas indústrias. Isso porque a gente precisa agregar valor no que desenvolvemos e o mundo de hoje inovação e tecnologia para fazer isso. Se a gente prepara os capixabas para esse cenário, vamos virar o maior criador de startups do Brasil. Isso se reflete na produtividade das indústrias, da agricultura.
Folhaonline.es: Como o seu nome vai estar disponível nesse processo?
Rigoni: Nós já estamos naturalmente fazendo bastante coisa lá por Brasília. Naturalmente, a partir do ano que vem, independente de qual cargo eu for, precisamos trabalhar para que o Governo do Estado conduza esse processo também. Seja com o nosso grupo, com outro grupo, mas precisamos colocar a tecnologia no centro desse processo para que o nosso estado possa evoluir de fato.
Folhaonline.es: Nos últimos anos, nós tivemos duas matérias de Guarapari aprovadas no Edital de Emendas do seu mandato que destinaram recursos a projetos do Hospital Materno-Infantil Francisco de Assis (Hifa – Guarapari). Para você, qual a importância deste Edital?
Rigoni: Foram dois projetos muito importantes do Hifa que já ganharam. Um para a saúde bucal em crianças com deficiência e outro para atualização do parque tecnológico do Centro Cirúrgico. No total, foram R$ 600 mil.
O Edital de Emendas é um exemplo da importância da tecnologia. Isso só é possível dessa forma, porque há um aplicativo do mandato. Essa digitalização traz uma maior facilidade de envolver a população. Isso facilita sua vida para ter acesso aos serviços públicos e fica mais fácil para o governo te contatar. Dá mais transparência, controle social e possibilita aproximar as políticas públicas das pessoas.
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