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Entrevista: Márcia Barros

Ela foi ferida, mas escolheu deixar marcas positivas nas pessoas

Por Carolina Brasil

Publicado em 17 de março de 2025 às 09:10

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Aos 48 anos de idade, a preparadora física, coordenadora do Miss Guarapari, empresária, e mãe de quatro filhos – dois biológicos e dois do coração, Márcia Barros é o tipo de ser humano que soube fazer da dor uma força; da experiência o exemplo; e da vida uma oportunidade de Deus para entregar aos outros o que ela tem de melhor. Em meio a multitarefas e com um sorrisão no rosto, Márcia recebeu a revista Sou para compartilhar tudo o que faz dela a mulher que é.

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Márcia Barros. Fotos: arquivo pessoal

Revista SOU: Vamos começar com o presente, quem é a Márcia versão 2025?

Márcia Barros: Feliz, confiante e orgulhosa do caminho que trilhei até aqui. Com todas as dificuldades, eu tive Deus, meus filhos, amigos e coragem para me reerguer. Sou a mãe da Stella (25), modelo internacional e professora de Yoga, e do Cesinha (27), gerados no meu ventre; e também do Will (26) e da Mari (25), aeromoça, que são filhos do coração; sou profissional da área da Educação Física, tenho um Studio junto com o Cesinha e meu esposo Leone Travesani, o Studio Health; comecei gerenciando a carreira de modelo da Stella, montei a agência MBModels e, desde 2017, coordeno aqui em Guarapari o concurso do Miss Guarapari, onde levamos representantes para as franquias Miss Universe ES e Miss Brasil International. Will hoje coordena no Miss Guarapari comigo; e, recentemente, passei a empreender na área da construção civil com o Leone – ele nas obras enquanto cuido das questões administrativas.

SOU: Mas, há dez anos não dava para se definir assim, não é?

MB: Não, mesmo! Em 2015 eu tomei a decisão de interromper um ciclo de violência doméstica; após 20 anos de um relacionamento abusivo, eu tive a coragem de me divorciar. Ele levou tudo, ficamos meu filho Cesar e eu em uma casa vazia (havia apenas um tapete enrolado atrás da porta que, certamente, ficou por esquecimento); Stella, que na época estava nos primeiros anos na carreira de modelo, morava em São Paulo/SP. O Will e a Mari ainda não tinham entrado na minha vida. Nos primeiros anos foi muito difícil, recomeçar e até falar disso, mas com o passar do tempo, eu entendi que quando você vive uma situação dessa, você tem a oportunidade de ser exemplo para outras mulheres que precisam enxergar que estão sofrendo e que precisam ter coragem de buscar ajuda. Hoje existem instituições que amparam essas mulheres. Eu me refiz, reencontrei o amor-próprio e me permiti confiar em um novo alguém para partilhar a vida.

SOU: E o quão difícil foi recomeçar?

MB: Muito. Fui ao fundo do poço.O tapete esquecido foi nossa cama por meses e, graças a uma grande amiga, conseguia alimentar meu filho através de cestas básicas que vieram por doações. Em um determinado momento eu entendi que precisava mudar aquela realidade. Meu ex-marido, na época, era lutador de MMA, nós tínhamos um espaço de treino juntos, e eu atuava fortemente; sou faixa preta de Karatê, pratiquei Muay Thai, Jiu-Jitsu NoGI, Krav Maga, boxe e MMA. Foi aí que eu vi que seria assim o meu recomeço; apesar da dor das lembranças, aquele era o meu trabalho. Corri atrás de tudo, o ponto de partida era apenas uma parte do tatame que havia ficado para trás; fiz empréstimos, paguei aluguel atrasado enquanto dava treinos. Quase dois anos depois, refizemos a nossa casa, reconstruímos nosso meio de sustento que era a academia e conseguimos até comprar uma moto. Nesse tempo, decidi entrar para faculdade com o apoio de uma aluna maravilhosa, a Marcela, a quem agradeço muito. Ela me incentivou a cursar Educação Física, logo após fiz pós-graduação em nutrição esportiva e reabilitação, me especializei em PGPP (técnica de treinos voltados para gestantes, tentantes e puerpério), sendo a única em Guarapari. Foi tudo acontecendo e, hoje, sou muito grata por oferecer um local completo com musculação, treinos personalizados, personal fight, com professores experientes na arte marcial, além de duas profissionais que fazem drenagem linfática, massagens e liberação miofascial.

SOU: Paralelo a tudo isso, você se tornou a referência de Guarapari para o concurso de miss, como foi?

MB: Minha filha quis ser modelo, eu mesma havia modelado no passado e comecei a gerenciar a carreira dela, vieram outras meninas e meninos também, acabei montando a MBModels. Sou de Minas Gerais e lá os concursos de beleza são muito tradicionais, assim como no Rio Grande do Sul, entre outros. Guarapari foi a cidade que me acolheu e eu queria devolver de alguma forma, então, pensei: “por que não?” Logo descobri que aqui não tinha o concurso e que as moças que usavam a faixa de Guarapari no Miss Espírito Santo eram de outras cidades, o que é um desrespeito ao nosso município. Mas eu queria mais do que um concurso padrão, queria que todas as meninas de Guarapari pudessem participar. Fui atrás de apoio e patrocínio; nossa cidade é a única que não cobra inscrição, além disso, os trajes, cabelo e maquiagem são fornecidos por nossos parceiros sem custo para elas. Pessoas do bem que pensam no crescimento de todos.

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Márcia entre as Misses 2023 e 2024

SOU: E podemos dizer que 2024 foi a coroação, literalmente, desse trabalho?

MB: Sim! Após 52 anos, Guarapari voltou a ter o título estadual; e, desde que começamos a trabalhar uma menina da cidade para o Miss Universe Espírito Santo, estamos sempre no TOP 5 (entre as cinco primeiras). É um reconhecimento dessa verdade, de um trabalho em equipe que acontece graças ao apoio das empresas, profissionais e pessoas que acreditam. E o nosso concurso tem algo que eu priorizo, mais do que beleza e desenvoltura, nossas misses têm voz, levantando bandeiras importantes e contribuindo com uma instituição que também recebe parte do valor da venda dos ingressos dos eventos. Em 2024, Letícia Galvão deu voz à luta contra a violência doméstica; neste ano, Stefani Oliveira é a representante de Guarapari que vai reforçar o combate ao racismo e a desigualdade. Não posso esquecer de citar a Kelly Lopes, que é de Guarapari e representou o Espírito Santo na franquia do Miss Brasil Internacional; levando o tema da violência doméstica e trouxe pela primeira vez a faixa de Miss Solidariedade para nosso município. Tenho muito orgulho das minhas meninas; e foi a agência de modelos e os concursos que me trouxeram o Will e a Mari. Quando eles chegaram completaram o meu reerguer.

SOU: É muita entrega. E só se pode dar aquilo que se tem. Como consegue oferecer o bem e não parte do mal que você recebeu?

MB: Posso te afirmar que, quem sofre a violência doméstica, não se cura 100%, ficam marcas profundas. Mas a virada de página passa por transformar essas marcas em raízes de força e superação. Meus filhos foram e sempre serão minha maior motivação para ser uma pessoa melhor a cada dia e ser um exemplo deles. Mas promover a autoestima em outras mulheres através do cuidado com a saúde física e mental no Studio e também nos sonhos das modelos e futuras misses, me ‘alimenta’. Meu desejo é que mais mulheres se descubram, se ergam diante da vida e possam viver os sonhos que nunca terminam.

@marciabarros_oficial
27 99520-0452

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