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Especialista alerta para identificação precoce dos sinais do autismo
Por Gislan Vitalino
Publicado em 2 de maio de 2021 às 15:00
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Desde 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) estipulou o Abril Azul. Durante o período, a campanha estabelece o objetivo de combater o preconceito e despertar o interesse da população para o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No Brasil, o transtorno geralmente é identificado entre os 2,5 e 3 anos de idade. O atraso para a definição do diagnóstico pode ser prejudicial para o acompanhamento profissional do quadro, que deve ser iniciado o quanto antes. Na última semana, a Revista Sou conversou com a neuropediatra Drª. Larissa Krohling, para saber mais sobre sinais que podem alertar aos pais sobre a necessidade de se buscar o acompanhamento de um especialista.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno que engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico que podem acarretar algumas características fundamentais, das quais, destacam-se: dificuldade de comunicação e do domínio da linguagem, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
A Drª Larissa Henriques Freire Krohling é pediatra, médica neurologista infantil, e graduanda em Autismo pela Child Behavior Institute Miami. Ela explica que, quanto antes o tratamento for iniciado, melhores se apresentam as chances de que a criança apresente boas respostas aos estímulos. “O TEA apresenta algumas janelas específicas muito importantes para a intervenção médica. Isso porque, quanto mais nova a criança, maior a plasticidade do cérebro”, afirmou a especialista.
“A cada nova aprendizagem, novos circuitos neurais são ativados e novas sinapses são formadas. Quando alguns conhecimentos e habilidades não são usados por um tempo, ocorre a ‘poda neural’, em que alguns neurônios são desligados para dar espaço a novos, em um processo que começa já na vida intraútero. No caso das crianças com TEA, esse processo pode ter algumas falhas. Como o processo acaba sendo ineficiente, há um excesso de sinapses, resultando em déficits neurológicos comuns no autismo”, ressaltou Drª Larissa.
Por isso, é importante que os pais estejam atentos aos sinais de alerta para a busca de acompanhamento de um profissional especialista. Dentre tais sinais sugestivos, a médica destaca alguns comportamentos, reações e interações que podem ser observados pelos pais desde o primeiro ano de vida.
Sinais mais comuns no primeiro ano de vida
- Ausência de contato visual eficaz;
- Ausência do chamado “sorriso social”, quando a criança sorri para outras pessoas, ou como resultado de interação;
- Não produz sons/ sem vocalização ou intenção de fala;
- Não estica os braços pedindo colo;
- Não demonstra interesse pelo olhar dos cuidadores ou dos pais;
- Rigidez comportamental.
Sinais mais comuns após um ano de vida
- Não reage ou responde ao ouvir o nome;
- Não aceita o toque;
- Não sustenta o olhar;
- Indiferença à presença dos pais ou cuidadores;
- Não apresenta comportamento de imitação;
- Apresentam pouca atenção à face humana;
- Incômodos frequentes com sons;
- Distúrbios de sono.
Sinais mais comuns após os 18 meses de idade
- Não brincar com os brinquedos da forma como é esperado, mas de formas novas ou diferentes;
- Interesses em estímulos, movimentos restritivos e de repetição;
- Seletividade alimentar;
- Dificuldade em entender expressões faciais.
A especialista destaca a importância de que os pais se atentem aos sinais. “Alguns pais consideram que os atrasos na apresentação desses comportamentos podem ser normais para determinada idade, mas é preciso se atentar, pois o estímulo dos comportamentos importantes por meio da terapia pode ser mais efetivo para fortalecer as sinapses relativas àquele processo quanto mais nova for a criança”, reforçou a neuropediatra.
Importância do acompanhamento profissional
A apresentação dos sinais listados, entretanto, não será o indicativo de diagnóstico do TEA. Segundo a especialista, caso os pais notem um ou mais desses comportamentos, devem procurar um profissional especializado que analisará o diagnóstico. “Não é um ou outro comportamento desses que definirá a condição. Mas esses sinais são importantes para que os pais busquem um profissional que fará os exames necessários”, afirmou.
Após iniciado o tratamento, o tempo e o nível para a apresentação de respostas também é individual para cada criança. “Cada um é cada um! Os casos de TEA apresentam graus diferentes e a evolução do tratamento pode variar dependendo não só de fatores genéticos, mas também ambientais”, destacou a médica.
“O diagnóstico e intervenção precoce pode mudar o futuro da criança, melhorando a qualidade de vida dela e, nos casos classificados como leve, o indivíduo pode chegar a ter uma vida normal, trabalhando, tendo sua profissão e até construindo uma família”, explica a especialista.
Drª Larissa Henriques Freire Krohling é médica neurologista infantil e pediatra. Com formação pela Emescam e especialização em Neurologia Infantil pelo Instituto Fernandes Figueira (Fiocruz-RJ). Possui bolsa de mérito (fellow) em neurofisiologia Hospital Quinta Dor e é graduanda em Comportamento de Crianças Autistas no Institute of Miami. Drª Larissa possui vinte anos experiência em Neurologia Pediátrica e atuou por 15 anos em hospitais pediátricos de referência no Estado do Espírito Santo (Hospital Infantil de Vitória e Vila Velha).
Reportagem publicada originalmente na Revista Sou.
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