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Guarapari: infectologista explica e tira dúvidas sobre a varíola dos macacos
Por Aline Couto
Publicado em 10 de agosto de 2022 às 14:29
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Com a primeira morte confirmada no Brasil, o alerta com a doença denominada varíola dos macacos (Monkeypox) acendeu mais forte na população. No Espírito Santo, até o último boletim (04/08), foram registradas 47 notificações, 30 casos suspeitos e cinco pessoas com a confirmação da doença, todos homens. Dos casos confirmados, um é no município de Guarapari, dois em Vila Velha e os outros dois em Vitória.
Em busca de esclarecimentos sobre a doença, o infectologista, e diretor clínico do Hospital Materno Infantil Francisco de Assis – HIFA Aquidaban, de Cachoeiro de Itapemirim, Dr. Daniel Junger, concedeu entrevista ao folhaonline.es e tirou dúvidas mais frequentes. Ele falou sobre o surgimento da varíola dos macacos; como pode ser prevenida; e como está sendo realizado o tratamento atualmente no país.
Confira:
Folha: Como surgiu e o que é varíola dos macacos?
Dr. Daniel: A varíola dos macacos já é uma doença endêmica na África há um certo tempo. O que tem de diferente desta vez é que ela saiu do continente e começou a ser transmitida em outras regiões.
Folha: Quais as diferenças entre a varíola dos macacos e a varíola humana?
Dr. Daniel: A varíola dos macacos é causada por um vírus de um mesmo grupo, ou seja, um vírus parente da varíola humana, mas é mais branda, bem mais leve. A mortalidade na humana chega até 30%, e a dos macacos entre 3 e 6%. Geralmente evolui como casos leves e o paciente se recupera espontaneamente na imensa maioria dos casos.
Folha: Quais as formas de transmissão? Como prevenir?
Dr. Daniel: As formas de transmissão são bem variadas. Tem por contato, especialmente com secreções e resíduos das vesículas, e contatos íntimos. Também pode ser transmitida por via respiratória, mas ela não é tão exuberante, tem que ser um contato mais próximo e prolongado. A contaminação respiratória na varíola não é tão eficaz como em outras doenças, a exempo da influenza e da covid-19.
A forma de prevenir é evitar contato com pessoas suspeitas ou confirmadas com a doença. É preciso isolar essas pessoas. Dentro de casa é necessário isolar os objetos de uso pessoal dos doentes ou suspeitos, como enxoval, toalha, lençol e objetos de higiene pessoal, além de talher e copo enquanto a pessoa estiver com o quadro em atividade.
Folha: Como ela acomete os humanos? Quais os sintomas?
Dr. Daniel: Os sintomas são febre e mal estar geral, e pode levar à lesões de pele. Há uma gama de manifestações de amplo espectro, de intensidade. Tem pessoas que podem ser assintomáticas e outras podem ter quadros graves. Normalmente acomete homens e jovens. Quem tem mais de 50 anos provavelmente se vacinou contra a varíola humana e tem uma proteção contra essa varíola dos macacos.
Folha: Existe teste para descobrir a doença? Se sim, como é realizado? Há no país?
Dr. Daniel: O teste para descobrir a doença pode ser feito no sangue, mas preferencialmente com a secreção das vesículas. O teste realizado no Espírito Santo é encaminhado para Vitória, e depois para o Rio de Janeiro. No momento só temos três laboratório no país fazendo esse teste, mas se os casos aumentarem talvez ele comece a ser feito regionalmente, ou seja, cada estado vai fazer o próprio teste.
Folha: Como é feito o tratamento?
Dr. Daniel: Para tratamento existe um antiviral, o Tecovirimat, mas ele não está disponível no Brasil. No país a gente trata apenas com isolamento em sintomáticos, até um dia termos disponível o remédio por aqui.
Folha: Tem vacina? Se sim, há disponíveis no Brasil?
Dr. Daniel: Existe vacina, a mesma desenvolvida para a varíola humana e feita com a varíola bovina que é um vírus que em humanos não vai causar doenças e funciona também contra a varíola dos macacos. O que se espera é que as pessoas que se vacinaram contra a varíola humana no passado, antes de 1973, estejam protegidas contra a varíola dos macacos pelo menos numa ordem de 85%. O que não sabemos é se essa vacina tem uma proteção por tantos anos, por isso recomendamos que os grupos de risco venham a ser vacinados novamente.
Folha: A doença pode se tornar uma pandemia como a covid-19?
Dr. Daniel: É muito improvável que ela se torne um agravo tão importante como a covid-19 porque ela não tem uma transmissão tão eficaz por vias aéreas.
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