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“Há anos não temos o tratamento digno que o lugar merece”, relatam moradores de Setiba, em Guarapari
Os relatos falam sobre a falta de manutenção nas ruas, com vias de chão batido, lama, buracos e água parada
Por Aline Couto
Publicado em 1 de junho de 2023 às 13:47
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Diante de vários relatos sobre as condições precárias das ruas do bairro de Setiba, especificamente na região do Setibão, a equipe do folhaonline.es foi ao local, fez registros e conversou com alguns moradores.
Todos os relatos falam sobre a falta de manutenção nas oito ruas que cercam Setibão: as vias são de chão batido, no verão levanta poeira o dia todo e na época das chuvas, muita lama, buracos e água parada. Os depoimentos dizem que há anos o poder público não olha pelo local e não retornam as demandas pedindo melhorias.
Confira:
Valter Rosa, morador de Setiba há 28 anos, contou que briga por melhorias em Setibão há mais de 20 anos. “Quando chove as ruas ficam intransitáveis. A prefeitura não faz manutenção há anos. O município só olha pela orla, onde passa a elite. Nas ruas da parte de trás não se preocupam. Eles acham que aqui não tem morador, tem muita gente aqui. Mas independente de morador ou não, todos pagam impostos”.
Residente no bairro há cinco anos, Nelson José ressaltou que a prefeitura no mínimo precisa marcar visitas periódicas nas ruas e passar máquinas para nivelar as vias. “Nós pagamos impostos igual a todos. Pelo menos passar uma máquina para nivelar, as ruas ficam cheias de buracos e poças de água. Com o barro, ficamos quase que intransitáveis. A prefeitura tinha que marcar pelo menos umas visitas periódicas no bairro, e já que não tem condições de calçar rapidamente, passar máquina. Os locais estão cheios de mato, que vão crescendo e espalhando. As poças só aumentam. A rua principal quando entra ônibus e caminhão, eles param. Tem um atoleiro grande. O município nunca fez nada desde que moro aqui”.
Responsável pelas primeiras reclamações, Valtair Mendes, que tem casa no bairro há 10 anos e é morador há três anos, frisou que a região está sempre do mesmo jeito por falta boa vontade do poder público. “Sabemos que aqui não pode asfaltar porque é área de preservação do Parque Paulo César Vinha. Porém, pode passar uma máquina. Recebemos a informação que a máquina de patrol está quebrada, mas isso é falado há meses. É muito descaso, todas as ruas são de chão, estão esburacadas com atoleiros e intransitável para carros. Há muito tempo não passa máquina”.
Há dois anos na região, Ricardo José descreveu que desde que mudou tem buscado contato com o poder público, junto aos moradores do bairro, para melhorar a questão da lama e do barro nas ruas. “Fiz contato através do site da prefeitura na área de reclamações e sugestões, com fotos das ruas, principalmente das ruas São Paulo e Rio de Janeiro. Também tentei contato com a Codeg e não consegui”.
Ele contou que a região está recebendo um apelido que entristece os moradores. “Infelizmente já estão denominando as ruas do bairro, uma região tão bonita e paradisíaca, de brejão. E essa questão tem acarretado vários problemas. Quando chove, para a água secar, quando o tempo fica bom, são três semanas, e logo chove de novo. O problema é constante e essa água não seca nunca. Sem falar nas poças com água parada que podem transmitir doenças, como a dengue. Tem também os caramujos, que já estamos com uma infestação muito grande deles por aqui. Possivelmente por conta dessa água que nunca seca. Recebemos a visita de muitos turistas no bairro, que são obrigados a transitar no meio dessa lama. Sem falar na época do verão, que aumenta o tráfego de veículos, e consequentemente a poeira. As casas ficam sujas o tempo todo. Nosso problema é recorrente o ano todo, quando não é muito barro é a poeira”.
Ricardo apontou uma solução imediata para o problema. “As ruas precisam ser niveladas e patroladas, já que não vai fazer uma pavimentação nas vias nesse momento, tem que jogar um saibro ou um areião que é para cobrir os buracos como medida paliativa para melhorar a situação que estamos vivendo. Só patrolar e nivelar, vai dar barro e lama novamente. Não vai durar o serviço”.
“Há pelo menos dois anos não vemos um tratamento digno que o lugar merece”, reforçou Thássio Gabriel. Residente há dois anos no bairro, ele falou que as ruas da forma que se encontram, é vergonhoso para receber os turistas. “Vejo muitos debochando da situação. Estão deixando o Setibão largado, um lugar com uma praia muito bonita, frequentada por famílias e crianças. Essas que não podem nem andar de bicicleta nas ruas que podem se machucar. Além dos deliverys que não entram no bairro por não conseguirem transitar. Lamentável, estamos abandonados”.
Prefeitura
Todos os entrevistados falaram que já entraram em contato diversas vezes com a Prefeitura de Guarapari, buscando todos os canais e caminhos de comunicação, mas não recebem nenhum retorno.
O órgão também foi procurado pelo folhaonline.es, durante alguns dias. No entanto, até o fechamento desta matéria não obtivemos nenhuma resposta.
Em tempo
Há aproximadamente 10 dias antes desta reportagem, outra moradora da região, Saritha Teixeira, enviou registros da entrada do bairro de Setiba. De acordo com o relato o acesso a região pela Avenida Vitória está esburacado, danificando carros, com constantes veículos atolados, e dificultando a entrada de pedestres. Além do mato grande que está avançando para a estrada e deixando as trilhas de acesso às praias perigosas. Outra reclamação é da Rua Esmeralda que é pavimentada apenas até uma parte da subida, também dificultando a passagem de veículos e pedestres.
Na ocasião a administração municipal foi procurada, e também não respondeu a essa demanda.
Atualização
Após publicação da matéria, a Prefeitura de Guarapari respondeu as demandas enviadas.
Segue a nota: “A Prefeitura de Guarapari, através da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura (Semag), informa que por se tratar de uma área de proteção ambiental, regida por lei, a associação responsável pela região deve solicitar permissão direta ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF), para verificar a situação. Quanto a previsão de melhorias das vias, os pedidos serão cadastrados pela Secretaria de Obras Públicas (Semop), para análise de investimentos futuros do município”.
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