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Médico que mora em Guarapari vence a Covid-19 e compartilha luta contra o vírus
“A gratidão é por uma nova chance da vida. A missão dele como médico ainda não acabou”, declarou a esposa e aliada de batalha
Por Carolina Brasil
Publicado em 26 de maio de 2020 às 10:09
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O médico especialista, Dr. José Luiz Federici, de 69 anos, morador de Guarapari, estava como um soldado na linha de frente contra o avanço da Covid-19 quando foi infectado pelo novo Coronavírus. A partir dos primeiros sintomas, começou uma batalha pela vida que durou 20 dias, seis deles internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No último domingo (24), Dr. José Luiz recebeu alta hospitalar e, agora, se recupera em casa, onde precisa ficar por mais 14 dias em isolamento. A esposa e aliada de batalha, Jacqueline Barroso, Paramédica Especialista em Instrumentação Cirúrgica nas áreas de Neurocirurgia e Cardíaca, contou como foram esses dias de internação e angústia que, ao mesmo tempo, foram de muita esperança, positividade, companheirismo, reflexão e, sobretudo, fé. “Não hesitei em nenhum momento na decisão de ficar ao lado dele e só me foi possível por ser da área de saúde (uma vez que é extremamente contagioso), e, assim permaneci todo esse tempo. Fiz todos os meus exames com ele, sendo esses negativados. O acompanhei desde o primeiro momento em que começamos a suspeitar. A guerra é difícil, a doença não é simples como muitos estão pensando. Precisamos nos cuidar, respeitar uns aos outros”, contou.
Jacqueline lembrou que os primeiros cuidados começaram em casa até a internação hospitalar, em menos de duas semanas a necessidade de intubação e cuidados intensivos. “Nem ele como médico acreditava que iria sair dessa: ‘Pensei que nunca mais fosse ver vocês’, disse ele a mim e a nossa família após sair da UTI.
A pedido do folhaonline.es, o médico que também atua como Perito da justiça, Legista e Médico do Trabalho, gravou um vídeo onde compartilha a luta que viveu contra o vírus e faz um alerta:
“Essa é uma história muito bonita pela honradez, pelo compromisso dele como médico, que não se esquivou e foi para linha de frente. Como paciente, foi exemplo, lutou com todas as forças que tinha e surpreendeu com o período relativamente curto de UTI. Ele fez a diferença para estimular outros pacientes e o trabalho diário de toda equipe do hospital, que por muitos não são reverenciados” – Jacqueline
Para Dr. José Luiz, enfrentar a Covid-19 foi ainda mais desafiadora, ele estava em plena luta contra um câncer quando foi infectado. Perdeu 10kg e precisou interromper o tratamento oncológico, que deve ser retomado assim que as condições clínicas forem possíveis.
Enquanto acompanhava o marido, Jacqueline manteve a positividade e a alegria utilizando os recursos que tinha e que podia. “Fizemos inúmeras videochamadas, com os filhos, neto, um universo de amigos e familiares, todos muito queridos. Quero até, aproveitar a oportunidade, para agradecer a todos eles por cada carinho, cada mensagem e cada atitude de apoio e ajuda, toda preocupação conosco e desejos sinceros de vitória”.
“Temos também um obrigado mais do que especial a equipe de enfermagem e profissionais multidisciplinares do hospital, ao Dr. Luiz Gustavo Genelhu, médico-chefe da UTI e responsável por todos protocolos, um ser humano de tamanha grandeza! Dra. Rosania Martins Vieira, Cardiologista Especialista da UERJ, amiga há mais de 40 anos, que deu todo suporte nos primeiros momentos ao identificarmos de fato a suspeita do Covid-19 e se manteve conosco todos os dias, ao casal Assunta e Egídio Destefani, farmacêuticos que nos socorreram a qualquer hora do dia e da madrugada” – José Luiz e Jacqueline
Sem dúvidas, viver de perto a complicação de uma pandemia acende um alerta. Porém, Jacqueline ressalta que não é preciso ter a experiência, basta abrir os olhos, os ouvidos e o coração para entender o que deve ser feito. “As pessoas precisam tirar desse momento um aprendizado, exercitar o respeito e a gratidão ao outro, e isso é mais do que um simples ‘obrigado’, é uma questão de atitude e postura. É preciso entender que essa é uma guerra invisível e os cuidados que você tem não se trata apenas do individual e sim do coletivo. Retornando de Vitória, muito me impressionou o fluxo de carros saindo de Guarapari como se estivéssemos em pleno verão e pior era visível 90% das pessoas sem nenhum paramento. Penso um momento oportuno para que as autoridades do Município entrem com mais rigidez, embora presenciei várias atitudes relevantes, como carro de som alertando a população. Também vi desrespeito aos guarda-vidas treinados para informar e orientar, sendo desacatados e desrespeitados pela população local e pelos que aqui chegam para um final de semana. Pensam: ‘Ar livre!!’ Mas, não se enganem! Sei que o extremismo nunca é a melhor opção democrática, porém, quando não se faz ser ouvido, talvez pensar ser mais rigorosos no sentido de multar os que não querem de fato respeitar o próximo, a si mesmo e seus familiares. Uma vez que estes são passíveis sim de transportar essa carga viral”, finalizou.
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