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Monumentos de Guarapari: um abandono à história e à cultura da cidade
Por Glenda Machado
Publicado em 9 de julho de 2015 às 18:31
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Que tal ser turista por um dia em sua própria cidade? É o que propõe um roteiro histórico-cultural promovido pela Prefeitura de Guarapari. Um passeio que pode ser agendado com o departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Turismo (Sectur). Foi até notícia em nossa edição passada. No entanto, após receber denúncias do descaso do poder público para com os monumentos, a nossa equipe resolveu verificar de perto a situação desses atrativos que fazem parte da história e da cultura do nosso município.
O Poço dos Jesuítas – o único que ainda resta dos vários edifícios construídos pelos jesuítas no século XVI – está servindo de ducha para muitos moradores de rua. A Ruínas – igreja construída em 1677 dedicada à Nossa Senhora da Conceição – está prestes a desmoronar de vez. O Radium Hotel – um dos hotéis cassinos mais famosos na década de 50 – virou ponto de usuários de drogas. E a Antiga Matriz – construída pelo Padre José de Anchieta que deu início ao povoamento de Guarapari – foi a própria comunidade quem fez a restauração.
“Os moradores de rua vão lá no poço, tomam banho, lavam roupa, deixam tudo sujo. Deixam sabão jogado, um monte de garrafa pet. E não precisa disso. A Casa Dia na Prainha tem espaço adequado para higienização. A Ruína está caindo e vai acabar de cair. A parte frontal da torre começou a ceder. Mas tudo piorou depois que a prefeitura cortou as árvores do local sem uma análise técnica, porque elas serviam de sustentação para uma das paredes da torre que agora está desmoronando”, desabafa a pesquisadora Beatriz Bueno.
E a Igrejinha, de acordo com ela, só está em boas condições porque a própria comunidade arregaça as mangas e corre atrás. “Se não fosse o padre Paulo Régis e o pessoal da Ufes, aquilo ali também estaria acabado. Nós cuidamos da restauração. Depois de mexer na fachada com a substituição das conchas, agora restauramos o altar. Está lindo! A prefeitura tinha que fazer essas ações de resgatar e preservar a identidade histórico-cultural do nosso povo. O abandono e descaso são uma vergonha!”, lamenta Beatriz.
Com o Radium Hotel não é diferente. “Se está de pé e tendo uma manutenção decente dentro das nossas possibilidades é graças à Associação de Moradores do Centro (AmoCentro). Como hoje tudo se confunde, quem é morador de rua, quem é usuário de droga, difícil distinguir eles no meio da escuridão à noite ali no entorno do Radium Hotel. Muitos ameaçam, dizendo que se não queremos ajudar, depois vamos achar ruim quando eles roubarem e assaltarem a gente”, conta o presidente da AmoCentro, Alberto Crespo.
O outro lado
A Prefeitura, por meio de nota, explicou que os monumentos recebem manutenção periodicamente. “No Poço, por exemplo, houve um trabalho de arborização e iluminação recentemente. São ações consideradas simples, mas que afugentam a presença de pessoas em situação de rua. Quanto à Ruínas, o município licitou empresa que está realizando a segunda fase de estudos técnicos e estruturais para a contenção – primeira intervenção necessária”.
Quanto aos moradores de rua, disse que “são feitas abordagens constantes pela Casa Dia. Local onde são oferecidas higienização, refeição e triagem para possível encaminhamento à cidade de origem. Mas muitos são reincidentes e outros recusam auxílio, tendo que respeitar o direito constitucional de ir e vir. Eles contam que é cômodo ficar na rua, onde a população oferece farta alimentação, roupas e dinheiro”. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3262-1220.
Reportagem: Lívia Rangel
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