Anúncio
Motociclistas de Guarapari realizam ação de conscientização e combate à violência contra a mulher
Por Gislan Vitalino
Publicado em 10 de julho de 2021 às 11:46
Anúncio
O Moto Clube Adventista (MCA) de Guarapari realizou, na manhã deste sábado (10) uma ação de conscientização e combate à violência contra a mulher. A ação, que conta com o apoio da Ideally Construtora e da vereadora Rosana Pinheiro, se iniciou com uma ação de panfletagem próxima ao Trevo da Ponte em Muquiçaba e se concluiu com uma motociata que passou pelo Centro de Guarapari e pela Praia do Morro, se encerrando na Praça da Paz.
De acordo com o Diretor do Motoclube Adventista de Guarapari, Antônio Carlos Fonseca, a ação busca possibilitar que mais vítimas possam entender os meios para denunciar seus agressores. “É através de movimentos como este que algumas mulheres que são exploradas ou violentadas podem estar sabendo quais são os seus direitos e onde buscá-los”, contou o diretor.
O pastor Nivaldo Pereira, explica que o trabalho social desenvolvido pelo grupo é também uma forma de alertar as mulheres contra as ações de violência. “Nós temos procurado meios para tentar combater um pouco e trazer um alerta para que as comunidades, principalmente as famílias carentes, para que quem está nessa situação vulnerável não deixe às ocultas e não deixe agravar uma situação de violência”, frisou o pastor.
A vereadora e apoiadora do evento Rosana Pinheiro esteve presente e lembrou que ações como essa são importantes o ano todo. “Sempre digo que não existe mês para combater a violência contra a mulher, porque, infelizmente, essa é uma violência que persiste”, afirmou a vereadora.
“Então quando o Moto Clube fez o convite, que foi estendido à Comissão de Direitos para as Mulheres da Câmara de Guarapari, fiquei muito contente, porque esse trabalho vai oportunizar que mais mulheres que se encontram em situação de violência tenham voz, saibam seus direitos e denunciem seus agressores”, frisou Rosana.
Uma das motociclistas membro do grupo, a Zani Gonçalves viveu na pele a violência contra a mulher e ressalta a importância de ações como essa. “Eu sofri violência doméstica e sei muito bem o que é sofrer esse tipo de violência, sei o que essas mulheres passam. Começa com um simples empurrãozinho, xingamentos e isso se torna tão grave ao ponto de se apanhar muito”, contou Zani. “A gente sofre sozinha. Então, em uma ação dessas a gente pode ajudar muitas mulheres. Sabendo de outras histórias e que existe esse amparo, a mulher se sente fortalecida para pedir socorro”, afirmou a motociclista.
Para Zani, foi o acesso a informação e a fé em Deus que possibilitou que ela pudesse se livrar da situação de violência! “Se eu não tivesse tido isso na minha vida, não estaria aqui hoje. Eu seria mais uma na estatística das mulheres vítimas do feminicídio”, destacou.
A ação também contou com o apoio de grupos de motociclistas de outros grupos. Um deles, foi o Ministério de Motociclistas Adventistas de Cariacica (AMM – Cariacica). A Patrícia Azevedo é membro do clube e veio apoiar a ação dos motociclistas de Guarapari.
“A gente sabe que essa ação é importante, porque em todo o estado, cada vez mais, temos mais vítimas do crime de feminicídio. Quanto mais a gente mobilizar a população e tornar público esse debate, estamos contribuindo para uma forma de prevenção”, contou Patrícia Azevedo.
Violência contra a mulher na pandemia em Guarapari
De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) divulgados no mês de março pelo Ministério Público Estadual (MPES), 102 mulheres foram assassinadas no Espírito Santo em 2020. O número aponta para um aumento de 12%, considerando os mesmos dados referentes a 2019, que apontaram 91 mortes.
Do número total, o MPES aponta que 26 foram vítimas de feminicídio em 2020, ou seja, foram mortas simplesmente por serem mulheres, ou por se encontrarem em situação de violência doméstica e familiar praticada por companheiros, conforme estabelece a legislação.
Mesmo apontando um aumento, especialistas alertam que os números podem estar subnotificados. Com as restrições de mobilidade e funcionamento de setores econômicos durante a pandemia, é possível que mulheres vítimas de violência tenham ficado mais vulneráveis, devido ao aumento da dependência econômica de seus agressores. As restrições de mobilidade também podem ter dificultado acesso aos meios de denúncia e registros de Boletins de Ocorrência.
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização do FolhaOnline.es.