Nova ferrovia vai ligar Cariacica a Presidente Kennedy, passando por Guarapari

Por Larissa Castro

Foi aprovada na Câmara e no Senado, bem próxima de caducar esta semana, a Medida Provisória (MP) das Concessões. Abrindo caminho para a Vale construir uma nova ferrovia ligando Cariacica a Presidente Kennedy, passando também por Guarapari. A MP trata de prorrogação e renovação de concessões no setor de transportes (ferrovias, rodovias e aeroportos), o que se encaixa nas características de serviços da mineradora.

Com a promessa de dinamizar o comércio exterior capixaba nos próximos anos.A empresa já havia selado acordo com o governo federal para prorrogar seu contrato de exploração da ferrovia Vitória-Minas, mediante a construção da nova estrada de ferro ligando o porto de Tubarão ao extremo Sul do Estado. Autoridades capixabas dizem que o novo polo será referência em transporte de mercadorias, atendendo a Estados vizinhos, como Minas Gerais e Bahia.

Para manter concessão, mineradora pode ampliar trecho. Foto: Arquivo Google.

O CEO do Porto Central, José Maria Vieira de Novaes, explicou que o projeto já foi desenvolvido para ter essa ligação com a ferrovia. “Foi projetado para receber grãos, minério de ferro e para ter terminais de carvão e fertilizantes, materiais que poderão ser distribuídos para Estados como Minas Gerais e Mato Grosso”, explica. Com 160 quilômetros, a obra de grande porte deve cortar dez municípios capixabas. Posteriormente, a nova ferrovia pode ser estendida até o Rio de Janeiro.

O fato de a Vale ter demonstrado interesse em realizar a obra de cerca de 160 quilômetros de extensão, segundo Novaes, vai abrir possibilidades de o Porto Central intensificar as negociações para atrair futuras empresas, que poderão se instalar no complexo portuário.

Embora tenha sido votado e aprovado, para o início das obras, a companhia depende da licença ambiental pelo Ibama. E até agora tem a autorização da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários e tem avançado nas negociações com os futuros arrendatários. Além de ter todas as autorizações dos órgãos ambientais, o complexo precisa ter no mínimo cinco empresas confirmadas para sair do papel. Os planos do grupo é iniciar as obras até 2018, caso as licenças e os contratos comerciais se concretizem neste ano.

A Vale afirma que o valor do investimento do novo trecho ferroviário ainda não foi fechado. Houve a divulgação de que seria um aporte privado de R$ 2 bilhões, mas baseado em um projeto antigo. O governador Paulo Hartung (PMDB) já declarou que o projeto tem consenso entre Vale, ANTT e o ministro Moreira Franco, que articula projetos estratégicos com o setor privado.

A companhia Vale informou que “está em fase avançada com o governo federal, por meio da ANTT, para definição do valor de uma eventual renovação da concessão da EFVM”.

“A Vale vai prosseguir o movimento que faz, de assumir no acordo a ferrovia Litorânea de Cariacica até Kennedy. Não está detalhado no texto da MP esse investimento, mas aprovou-se a negociação, tem âncora legal. Está tranquilo do ponto de vista do texto”, enfatiza Lelo Coimbra (PMDB).

O trecho terá outra importância. Poderá ser apenas o início de uma futura integração de Vitória ao Rio, abrindo espaço para que no futuro sejam feitos os outros 410 quilômetros da EF 118, projeto, ao todo, de 570 quilômetros de extensão.