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O “filho pródigo” da vida real
Por Livia Rangel
Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 10:30
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Quase todo mundo conhece a parábola do Filho Pródigo. A história, contada por Jesus narra as dificuldades enfrentadas por um jovem ao pedir a herança antecipada e se afastar da casa do pai. Assim, do conforto ele passou à miséria, da abundância à fome, e do orgulho à humilhação.
Essa narrativa fala de uma maneira muito especial a José Emílio Costa, hoje aposentado, casado há 36 anos, com 4 filhos e 4 netos. Quem o vê agora e escuta sua voz mansa não imagina por todas as privações que ele passou ao tentar perseguir, como ele mesmo diz, “a ilusão dessa tal liberdade”.
Assim como o rapaz da parábola, “Zé” Emílio decidiu aos 16 anos sair da casa dos pais, em Goiás, e ir sozinho para o Rio. “Àquela época, eu já trabalhava, ajudava no sustento da família. Mas eu queria mais, queria ser livre. Ao não conseguir trabalho fui morar na rua, revirei latas de lixo para me alimentar e encontrei meu consolo na bebida e nas drogas”.
Foram dois anos vagando sem destino até chegar a um canteiro de obras onde tomou coragem e pediu um emprego como pintor – sua profissão. “Só pedi um prato de comida e um lugar para dormir. Aos poucos, fui ganhando mais força, mais confiança. Voltei depois para visitar minha família e foi um momento muito bonito”. Porém, um inimigo ainda o assombrava. “Eu continuava bebendo, cheguei a ser preso duas vezes por me envolver em situações de violência”.
A eficiência no trabalho o levou a vários lugares até chegar a Guarapari, já casado com Maria Celeste, que conheceu em Vitória. E no dia 2 de novembro de 1980 tudo mudou. Ao aceitar o visitar uma igreja (que é membro até hoje), ele ouviu uma palavra que mudou sua vida e nunca mais colocou uma gota de álcool na boca. “Não digo que foi fácil. Eu sofri pelo menos três dias de abstinência intensa, tive alucinações, mas superei. Porque tinha conhecido a Fé de verdade”.
Trinta e cinco anos depois, Zé Emílio se considera uma pessoa feliz e realizada, construindo uma posição de respeito como pregador e palestrante. “Deus me proporcionou realizar todos os meus sonhos. Por exemplo, quando criança, eu sonhava em casar com uma professora diretora de escola e não é que me casei com uma mesmo?”, brinca.
Deus me proporcionou realizar todos os meus sonhos. Por exemplo, quando criança, eu sonhava em casar com uma professora diretora de escola e não é que me casei com uma mesmo?”
E ele não esquece as lições aprendidas enquanto estava na rua. “Assim como uma pessoa me deu a chance de reconquistar a dignidade, busco fazer o mesmo com os outros. Quando encontro dependentes, falo com eles olho no olho, pois vivi a mesma situação. Eu os entendo como ninguém mais pode. E digo assim: se a dor que eu senti não serve para ajudar o próximo, tudo foi em vão. Eu acredito fielmente que tudo foi um propósito de Deus. E por isso louvo a Ele todos os dias da minha vida e testemunho a sua misericórdia”.
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