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Ordenamento, fiscalização e rotativo estão entre os problemas citados no verão de Guarapari
Foram ouvidos turistas, comerciantes, ambulantes e a polícia na orla da Praia do Morro
Por Aline Couto
Publicado em 18 de janeiro de 2024 às 14:00
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Na última terça-feira (16) a reportagem do folhaonline.es esteve na orla da Praia do Morro, em Guarapari, para ouvir turistas, comerciantes, ambulantes e a polícia sobre o início do verão 2024.
Entre os entrevistados, alguns pontos foram unânimes para melhorias na orla e no bairro em busca de mais conforto e respeito a todos: intensificação na fiscalização e no ordenamento da praia: altinhas, loteamento com tendas e guarda-sol de aluguel, ambulantes sem higiene e sem cadastramento, som alto; limpeza da praia: poucas lixeiras; falta de funcionários do estacionamento rotativo para pagamentos e totens sem funcionar.
Turistas
Família de Belo Horizonte
Abordada, a família de 20 pessoas distribuídas em quatro apartamentos, que está acostumada ao verão na “Cidade Saúde” citou em conjunto a falta de fiscalização nas areias da Praia do Morro. “São muitos os ambulantes que não têm a higiene básica, não usam luvas, álcool, não mantêm limpo seus recipientes, é preciso um treinamento para esses profissionais. A limpeza da praia também é insuficiente, são poucas as lixeiras. Essa falta de cuidado pode ser um dos fatores para muitos estarem passando mal com esse surto de gastroenterite. Sem falar nas pessoas jogando bola, são muitas e sempre acertam alguém, é uma chamada certa para confusão”, relataram.
“No final das contas nós continuamos vindo pela beleza natural, amamos esse lugar. Mas tanto nós turistas quanto os moradores merecemos que resoluções saiam do papel. Falta hospital, fiscalização da prefeitura, nunca vimos ninguém desde que chegamos no final do ano passado; higiene dos vendedores, só na nossa família sete pessoas já ficaram doentes. O único ponto positivo que vimos esse ano foi a ação da polícia com a prefeitura em relação aos sons altos, melhorou bastante”, enfatizaram Mércia Dias e Neusa Dias, que pediram um olhar mais atento da prefeitura para as praias do município.
Ana Paula Santiago
Também de Belo Horizonte, a mineira vem todo ano a cidade sempre com amigos e família. Ela contou que Guarapari estava muito cheia até o dia 05 de janeiro, mas que no momento está mais agradável. “Adoro esse lugar, mas acredito que a limpeza da praia precisa melhorar, também faltam lixeiras em mais pontos. Da minha família duas pessoas passaram mal, estamos comprando água mineral para consumir”.
Ambulantes
Brenda Souza
A vendedora de açaí contou que até a virada do ano o movimento foi satisfatório, mas nos primeiros dias de janeiro, comparado a mesma época de 2023, está fraco. Ela também creditou as vendas baixas a disputa injusta com os ambulantes não cadastrados.
“Eu trabalho com meu carrinho e produtos todos higienizados, uso luva, álcool em gel, meus produtos sempre frescos e tampados, e tenho licença para trabalhar. Fiz todo o processo e paguei. Mas todos os dias encontro vários vendedores sem licença, não tem fiscalização. É injusto conosco que fazemos todo o processo, atrapalha nossas vendas”.
Gilson de Almeida
Vendedor de milho há sete anos, o ambulante também falou que as vendas não estão como esperadas. “A população perdeu o poder aquisitivo, as vendas estão muito fracas. Cerca de 70% dos ambulantes que estão na praia não tem licença para trabalhar. A disputa é muito injusta. Além dessa situação, tem a falta de fiscalização da prefeitura, tem altinha, maconha, som alto, tudo ralando solto. Isso afasta o turista, que merece todo nosso respeito”.
Comerciantes
Dois quiosqueiros conversaram com a reportagem, mas pediram que os nomes não fossem revelados.
“Entre os dias 27 de dezembro e 07 de janeiro foi muito bom, vendemos bem. Agora tem gente, mas ninguém está consumindo. Estamos vendendo como um final de semana comum. Muito aquém das nossas expectativas, o capital de giro não rodou. O surto de virose afastou o público do consumo na praia. Apesar do bom policiamento neste ano, com ações efetivas coibindo os sons altos, falta empenho da prefeitura em outras questões: limpeza, ordenamento, fiscalização, salva vidas. E a consciência do ser humano em não deixar o próprio lixo na praia, usou levou”.
“A chuva atrapalhou muito o movimento, sem falar dos casos de gastroenterite que tiveram uma repercussão nacional que foi muito ruim para nós. Estou vendendo 1/3 do que costumo nessa época. A má gestão municipal também ajuda, é preciso oferecer mais estrutura e conforto ao turista, além de atrativos. Aqui não tem nada além de praia. Também vale falar sobre a máfia das multas, está proibido estacionar em quase todos os lugares. E o rotativo? Não tem funcionários para atender as pessoas”.
Polícia Militar
Designado para Guarapari pela Operação Verão, quando aumenta o efetivo de policiais na cidade, Soldado Gabriel, natural de Viana, contou que o início deste ano está tranquilo até o momento. “Final do ano sempre acontece confusão por conta dos excessos de bebidas, entorpecentes, e pela quantidade de pessoas em um mesmo local. Mas desde a virada do ano as ocorrências que estão chegando são sobre perturbação do sossego por conta de som alto nas areias e nos quiosques, pedido de ajuda para encontrar crianças e idosos desaparecidos, em torno de três por dia, e procura por funcionários do estacionamento rotativo”.
Outro lado
A Prefeitura de Guarapari e a empresa Rizzo Park, responsável pelo estacionamento rotativo no município, foram procurados para esclarecimentos.
Prefeitura de Guarapari
Até o fechamento desta matéria a prefeitura não retornou a demanda solicitada.
Atualização
Após publicação da matéria a prefeitura enviou nota.
“A Prefeitura de Guarapari, por meio da Secretaria de Postura e Trânsito (Septran), informa que a fiscalização é realizada diariamente nas praias do município, com o objetivo de manter e ordenar a praia da melhor forma possível. Os ambulantes cadastrados são orientados sobre as boas práticas e as regras relacionadas às atividades autorizadas. No entanto, cada indivíduo também pode e deve contribuir para um ambiente mais confortável para todos, seguindo as legislações municipais.
A orla da Praia do Morro está contemplada por 50 tambores de 200 litros e 30 contentores de 1000 litros na areia da praia. No calçadão, são 14 contentores de 700 litros e 150 papeleiras nos postes”.
Rizzo Park
Em resposta, a empresa informou que foram contratados 18 novos colaboradores do rotativo para alta temporada e 10 totens a mais instalado, além do que o contrato prevê. “Em época fora de temporada trabalham 30 colaboradores da Rizzo Park. Também foi disponibilizado um trailer como ponto de apoio ao turista na Praia do Morro, além de uma nova tecnologia com pagamento via Pix sem a necessidade de cadastro: www.estacione.rizzoparking.com.br”.
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