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Pioneira do bolinho de aipim morre aos 58 anos
Por Glenda Machado
Publicado em 11 de novembro de 2015 às 23:43
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Meaípe hoje está triste. Isso porque a nossa cidade perdeu uma grande mulher que ajudou a construir a história, a cultura e o turismo de Guarapari. Maria José Vieira Aragão, mais conhecida como Zezé – do bolinho de aipim, faleceu no início da tarde de hoje, aos 58 anos, de parada cardíaca no hospital São Lucas em Vitória – onde estava há quase três meses. O velório está sendo realizado na Assembleia de Deus da Sede de Meaípe. O enterro está previsto para amanhã no cemitério Parque da Paz.
Zezé, uma das pioneiras do bolinho de aipim na cidade era diabética Tipo 1. Em função das complicações da doença, teve problemas na visão, nos rins e na circulação tendo até que amputar a perna há dois anos ficando na cadeira de rodas. Também fazia hemodiálise constantemente e a visão já estava comprometida. Mas familiares contam que nada abateu a fé, o sorriso e a generosidade dessa guerreira de Governador Valadares.
“Eu faço parte dessa família há 16 anos e nunca vi ela fechar a porta para ninguém. Uma pessoa simples. Aqui todo mundo chamava ela de mãe e os mais jovens de vó. Nunca ficou abatida, ela falava que não queria ver ninguém triste, porque ela estava viva, que fosse com uma perna só, mas que tinha forças para aclamar o Senhor e para glorificar Deus”, conta a nora Iris Carvalho Bazoni Vieira, casada com o filho mais velho da Zezé, Jorge Eduardo.
Conversamos com ele por telefone, mas não estava em condição de dar depoimentos. A tristeza podia ser sentida no tom embargado da voz. A nossa equipe de reportagem esteve no início da noite na casa da dona Zezé. Familiares estavam reunidos na tentativa de um acalentar o coração do outro. O esposo, seu Geraldo, com quem era casada há mais de 30 anos, estava literalmente sem chão. Além de Eduardo, ela deixa mais dois filhos Davidson e Geraldo Júnior.
“Eduardo era o braço direito e esquerdo dela. Eles eram muitos próximos, ele que cuidava dela, dava banho, ela gostava de ir no médico só com ele. Ele está muito abatido, muito triste mesmo. E o sonho dela era ver os filhos dando continuidade ao seu legado do bolinho da Zezé. Há 15 anos, ela entregou para Eduardo. Mas sempre acompanhava tudo de pertinho”, lembra Iris.
Zezé começou vendendo bolinho de aipim no carrinho há 32 anos. Hoje, eles possuem um ponto na praia de Meaípe. O local é conhecido internacionalmente. “O bolinho foi o sonho realizado da “vó”, porque ela contava que foi ele que construiu a casa própria, que ajudou a dar educação e casa para os filhos. Ela deu um terreno para cada um e ajudou a levantar cada tijolo”, afirma Irís.
O Recanto da Zezé ficará fechado nesta semana e só volta a funcionar na próxima quinta-feira. “Zezé falava que o dia que ela morresse era para abrir a loja no dia seguinte, porque não queria ver ninguém triste. Mas ninguém consegue. Os funcionários têm muita consideração, são quase da família, tem gente que trabalha com Zezé há mais de 10 anos. Cabe a nós honrar agora o legado que nos deixou e dar continuidade a essa história”, ressalta Irís.
O vereador Dito Xaréu, morador da região, foi um dos primeiros a deixar uma mensagem de pesar à família. “Orgulho-me de ter conhecido essa guerreira, mãe, esposa, vó, empreendedora, que com o seu bolinho fez com que a nossa Meaípe ficasse cada vez mais conhecida. Sou privilegiado por ter vivido essa luta junto com sua família e poder de alguma forma ter a homenageada com o projeto de lei do Bolinho de Aipim”.
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