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Psicólogas de Guarapari alertam sobre os comportamentos de risco entre crianças e adolescentes
Por Sara de Oliveira
Publicado em 18 de setembro de 2019 às 08:52
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As profissionais comentaram sobre os cuidados que pais e responsáveis precisam ter com atitudes fora do comum nessa faixa etária
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a morte autoprovocada por jovens tem aumentado ao redor do mundo. Os dados despertam questionamentos sobre as causas do problema que tem surgido cada vez mais cedo. Conversamos com duas psicólogas de Guarapari com o objetivo de alertar aos pais, familiares e professores sobre formas de prevenção ao suicídio e aos comportamentos de risco.
A psicóloga Alba Sampaio (CRP 16/6562) afirmou que um dos fatores que podem ser responsáveis pelo crescimento do suicídio entre crianças e adolescente é o aumento do uso das redes sociais que geram comportamentos de risco. “Os pais ou responsáveis muitas vezes não sabem o que a criança está fazendo, nem com quem está conversando”, enfatizou.
De acordo com a profissional, durante a infância, a criança é facilmente influenciada, o que aumenta a possibilidade da automutilação e até do suicídio. “É um momento em que eles estão em construção psíquica e emocional, por isso são facilmente manipuláveis”.
Para ela, a redução do tempo de uso dos celulares e das redes sociais é importante, mas não é o suficiente. “Não basta deixar a criança pouco tempo no aparelho, tem que ser monitorado. Os responsáveis precisam perguntar o que o está sendo assistido, com quem está conversando. Se joga, qual o tipo de jogo e etc”, destacou.
A psicóloga Ligia Barcellos (CRP 16/2490) ressaltou que, por mais que alguns conteúdos da Internet possam funcionar como um gatilho, o suicídio é multideterminado, ou seja, pode ser causado por uma série de circunstâncias. “Geralmente a pessoa já está passando por algum tipo de problema de saúde mental”, esclareceu.
Segundo Ligia, os familiares e pessoas próximas precisam estar atentos a sinais expostos pelas crianças e durante o dia a dia. “Geralmente eles mostram falta de motivação, de esperança, mudanças na alimentação e/ou hábitos de sono, frases dizendo que não aguentam mais, uso de drogas/álcool, isolamento social, comportamento de autoagressão, podem apresentar problemas escolares – bullying ou baixo rendimento acadêmico -, vivenciar conflitos familiares, ou morte de algum familiar ou pessoa próxima por suicídio, entre outras coisas”, disse.
Na adolescência, o problema pode se agravar pelas mudanças ocorridas no jovem, afirmou a psicóloga. “Nesse período, eles passam por mudanças físicas, psicológicas e sociais e isso faz com que eles vivam os acontecimentos de forma muito intensa, por causa da grande produção hormonal nesse período, o que pode gerar uma série de problemas psicológicos”.
Para a profissional, a melhor solução é a atenção. “É preciso se envolver mais no cuidado dessas crianças, estar junto, conversar, ouvir esses jovens e mostrar que eles são importantes, porque nós somos um ser social”. Ligia acrescentou que, nos primeiros sinais de distanciamento ou mudança de comportamento, é preciso investigar o que está acontecendo com a pessoa e buscar ajuda de um profissional. “Pode ser que a tristeza de alguém seja um caso pontual e passageiro, mas, na dúvida, não hesite em procurar ajuda profissional e informações a respeito do tema. Trate com seriedade o que é dito pela criança/adolescente, aja com respeito, empatia e procure não julgar. Ofereça apoio. É possível prevenir e tratar um problema de saúde mental”, concluiu.
Vale lembrar que o CVV – Centro de Valorização da Vida tem sido um importante recurso para as pessoas que precisam e procuram ajuda. Basta discar 188. Além disso, qualquer ponto da Rede de Saúde deve acolher pessoas com comportamento suicida.
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