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Racismo à brasileira
Por Glenda Machado
Publicado em 31 de maio de 2016 às 22:57
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A sociedade faz vista grossa, mas preconceito é real e virtual
Os ataques racistas sofridos por famosos nas redes sociais trouxeram para os holofotes um problema antigo e infelizmente corriqueiro. Ludmilla, Cris Viana, Maju e Taís Araújo foram vítimas de racismo pela internet. Mas esses são apenas alguns dos diversos exemplos do preconceito ainda enraizados na sociedade.
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) trouxe que a diferença de salário entre brancos e negros/pardos diminuiu em 2015. No entanto, os trabalhadores negros ganharam em média 59,2% do rendimento dos brancos. A diferença não é apenas numérica, a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
E foi justamente para reverter esse cenário e defender os direitos políticos, econômicos e culturais que alguns grupos são formados como a Nação Zumbi Organização da Juventude Afro-Brasileira (OJAB) no Espírito Santo. E quem lidera o movimento em Guarapari é Matuzalém Ribeiro de Souza. “A Nação Zumbi foi criada em 1994. O nosso objetivo é lutar contra o racismo e resgatar os valores da cultura negra”, disse Matuzalém.
Em 2008, ele participou pela primeira vez da Noite da Beleza Negra. E os dois ganhadores foram justamente de Guarapari: Josiel Barbosa Anastácio e Joana Lúcia dos Santos Tavares. E desde então, ele faz parte do evento que visa valorizar o negro, estimular a autoestima e divulgar a sua importância para a história do Brasil. “No ano passado foi aqui em Guarapari. E não tivemos apoio nenhum do poder público”, desabafa.
Segundo Matuzalém, Guarapari é a única cidade capixaba que fez a lei municipal que instituiu o Dia da Consciência Negra em 20 de Novembro. No entanto, ele destaca que não adianta ter apenas no papel sem ajuda para realizar eventos comemorativos. Por isso, mais uma vez enviou um ofício à prefeitura no final de maio solicitando parceria para realizar a 27ª Noite da Beleza Negra na Cidade Saúde.
Outra luta é pelo cumprimento da lei 9.394 de 2003 das Diretrizes Básicas da Educação. A legislação determina a obrigatoriedade da história da África, dos Africanos e Afrodescendentes no Ensino Fundamental e Médio. “Lutamos para implantar nas escolas, porque acreditamos que através da educação é possível vencer o preconceito. Ensinando desde pequenos, a importância de se respeitar as diferenças”.
Confira alguns registros da Noite da Beleza Negra
Lei 7.716/1989
– Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
Pena: reclusão de um a três anos e multa
– Impedir o acesso de pessoas devidamente habilitadas para cargos no serviço público ou recusar a contratar trabalhadores em empresas privadas por discriminação
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
– Recusar o acesso a estabelecimentos comerciais
Pena: reclusão de um a três anos
– Impedir que crianças se matriculem em escolas
Pena: reclusão de três a cinco anos
– Impedir a entrada de cidadãos negros em restaurantes, bares ou edifícios públicos ou utilizem transporte público
Pena: reclusão de um a três anos
– Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou qualquer estabelecimento similar
Pena: reclusão de três a cinco anos
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