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Razão das raízes
Por Livia Rangel
Publicado em 11 de maio de 2015 às 12:44
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Suspirar… Movimento involuntário e muitas vezes solitário.
Quando o respirar extrapola e escapa dos lábios buscando o ar que falta ou a falta que há.
Um olhar mais atento é capaz de perceber e registrar.
Mas, e quando falta a terra?
Sim, quando falta o chão e suas raízes.
Arrancadas sem sequer pedir licença.
Até mesmo as raízes são podadas.
Tal movimento voluntário ou a contragosto me fez repensar algumas semeaduras.
“Você precisa criar raízes… É preciso ter um porto seguro para voltar”, tais construções culturais do senso comum são sensatas, desde que saibamos realizar uma diferença crucial.
Criar raízes e enraizar são movimentos distintos.
Plantio bem cuidado é ação consciente para a vida futura. Fortalecer as bases no cultivo do solo.
Os primeiros frutos da terra são suas raízes. Alimento primário propagador de grande seiva da vida.
Enraizar é dar outra direção. O sentimento de posse que aprisiona, dando conta de fenômeno interessante e corriqueiro. Dualidade carcereiro, versus, prisioneiro num só ser.
Enraizar atrofia, delimita o livre arbítrio em espaço exprimido onde não cabem as verdadeiras raízes/razões que valham à pena. É pena dada a emoldurar quem as alimenta.
É raiz que perde ao abrir mão de sua principal função… Nutrir.
Raiz que se esconde na terra, sugando pessimismo e medo.
“Enjauliza”, feito erva daninha que sufoca.
Faltando ar debaixo da Terra.
Vira cova.
A vida convida: É preciso podar! É preciso poder enfrentar. Dar outra direção ao secar escolhas de frutos amargos e repetidos, mesmo debaixo do solo.
Cortar os padrões viciados… Arrancar se for preciso.
Mas tal movimento requer coragem.
Como diz o poeta na busca de abandonar o contentamento descontente.
Abrir mão do sofrimento para que finalmente haja condições de se dar conta das dores.
Nenhuma ferida enraizada/sufocada é capaz de se fechar saudavelmente.
Nem as físicas… Nem as do outro lado do espelho.
Não só as copas precisam de podas.
É possível ser a raiz de si mesmo.
Ser nosso chão, nossa comida e colheita.
Ser razão de si mesmo, onde o fruto nasce primeiro.
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização do FolhaOnline.es.
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