Anúncio
Rota da Ferradura: mais que sorte, moradores do local querem incentivo
Por Livia Rangel
Publicado em 18 de setembro de 2014 às 00:00
Anúncio
Tayla Oliveira e Gabriely Sant’Ana
Pode parecer clichê, mas nunca é demais repetir. As belezas de Guarapari não se resumem apenas às suas praias. Há muito o que explorar – e admirar – no nosso interior. A apenas 10 minutos da cidade, por exemplo, é possível acessar a Rota da Ferradura, que em seus 12,7 quilômetros de extensão recém-pavimentados, esconde lindas quedas d’água, muito verde e, principalmente gente apaixonada pelo local e que batalha pelo seu desenvolvimento.
A Rota da Ferradura compreende o trajeto que liga a BR 101 em Jabuti à Boa Esperança contornando até Buenos Aires e chegando ao Trevo de Guarapari. O nome da rota foi assim denominado por formar uma curva parecida com uma ferradura. As diversidades encontradas mesclam a maresia com as montanhas, um clima propício para um final de semana em família e para os que desejam descansar e se afastar do ritmo frenético da cidade.
A região é alvo de grandes investimentos. Portanto, o acesso é cada vez melhor. Além de sinal de telefone e internet, a localidade recebeu recentemente drenagem pluvial, meio fio e asfaltamento, com recursos do governo estadual. Apesar dos avanços, produtores e empresários que se dedicam a movimentar a Rota afirmam: “não existe um roteiro oficial, muito menos um incentivo por parte do poder público que convide as pessoas a conhecer a região”.
Segmentar para crescer
Para driblar a falta de divulgação da rota, Osmar Simões Ceruti, teve de reinventar seu negócio, localizado em Boa Esperança: o Rancho do Osmar. “Antes eu abria nos finais de semana para quem desejasse passar o dia no rancho e almoçar. Mas após fazer o curso do Sebrae-ES fui orientado a oferecer pacote fechado. Isso porque a rota não é muito divulgada, já aconteceu de em determinados dias eu abrir, fazer comida e não aparecer ninguém. Agora com as reservas eu consigo ter certeza de quantas pessoas virão e quanto devo investir para recebê-los, sem ter prejuízo”, explicou.
Vida melhor
Dona Marlene Tomazelli é doceira e muito conhecida na região. Além de fazer doces para a localidade, após as melhorias passou a vender também para clientes de outras cidades, incluindo Vitória e com seus bolos, bombons, doces cristalizados, queijos e biscoitos, conseguiu aumentar o orçamento da família.
Ela, que mora há 30anos também em Boa Esperança, disse que a vida melhorou muito no local, mas ainda falta incentivo. “Eu e mais duas amigas, em parceria com a Associação daqui, estamos planejando abrir uma pequena venda para nossos produtos nos finais de semana. Vai ser onde funcionava a escola, que atualmente está abandonada. Tudo por iniciativa própria”, destaca.
Novos negócios surgem na estrada
De olho no vai e vem dos carros, o casal Geraldo e Marina Pereira Duarte, percebeu que poderia utilizar a sua propriedade, às margens da rota para oferecer um local de descanso para os visitantes, além de boa comida. Assim nasceu o “Cantinho da Tilápia”, um restaurante ainda modesto, mas com muito potencial para crescer. Entre os destaques do cardápio estão a Tilápia Frita e a Carne de Sol, feita pela própria Marina.
Ela diz que o asfalto melhorou muito a vida da família em todos os sentidos. “Agora, podemos sair com mais facilidade para fazer compras e o mais importante, nosso filho não perde mais aulas se o tempo estiver ruim. Por que antes, bastava chover mais um pouco que o ônibus não subia até aqui, por causa da lama”.
Quem também aproveitou a vizinhança com a estrada foi José Armando Bianchi, que vende produtos caseiros expostos no muro da sua propriedade. E o negócio que começou sem grandes pretensões – ele disse que os primeiros produtos foram cachos de banana que sobraram e foram vendidos em menos de duas horas – rendeu muitas melhorias para a família.
Uma delas foi a possibilidade de construir outra casa no terreno, que é alugada principalmente para retiros. Ao descer pelo sítio, de topografia bem acentuada, uma grata surpresa: diversas quedas d’água e uma grande piscina natural. Lá, a natureza fez quase todo o trabalho.
Villas fazem sucesso
Mesmo antes do asfaltamento, Buenos Aires, atraiu a atenção de pelo menos dois grandes empreendedores, com perfis distintos: Enquanto o Sr. Lauro de Franco Sla já aposentado, resolveu abrir uma destilaria no local, Anderson Júnior Pereira de Mamam, não desperdiçou uma oferta de um amigo e abriu o Villa Country, que chega a atrair 1.000 pessoas a cada final de semana, em busca de boa música sertaneja, diversão e comida com gostinho caseiro.
Um dos grandes cartões postais do restaurante, aberto há dois anos, é a galinha caipira servida na panela de barro. “Enquanto no sábado à noite, o clima é mais de balada, aos domingos a maioria dos clientes são famílias. Mas aqui ainda precisa de muito mais, principalmente hospedagens e opções de lazer”, declara Anderson.
Pouco mais à frente, perto do campo de futebol de Buenos Aires, a Destilaria Villa Anunciata é ainda um ótimo passeio. Lá é possível acompanhar todo o processo de fabricação de água ardente e licores de sabores diversos, como jabuticaba, jenipapo, maracujá e banana. As bebidas são envazadas em garrafas de vidro com detalhes intrincados. E ao contrário de outras fábricas – que investem em logística e sistemas de distribuição, lá é o cliente que vai até o produto para comprá-lo. “Faço isso por hobby e para dar continuidade a uma tradição familiar que começou em Minas”.
Mas o empresário também está de olho no futuro. Ele afirma que irá abrir também um restaurante e uma pousada no terreno. “O clima da região é maravilhoso. Poucos lugares no mundo tem tanto em tão pouco espaço. Vale a pena investir aqui”, arremata.
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização do FolhaOnline.es.
Tags:
Anúncio
Anúncio
Veja também
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio