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Saúde de Guarapari pede socorro em protesto

Por Livia Rangel

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 00:00

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“Vem pra rua pela saúde, buzina pela saúde, fora Aurelice”. Sob esse som, cerca de 100 funcionários da saúde pública municipal foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, reajuste salarial, igualdade na gratificação e, principalmente, respeito no local de trabalho.

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“Qualquer tipo de discordância de opinião que o funcionário tem com a administração, ele é ameaçado ser transferido de turno ou de uma unidade central para uma do interior. São ameaças verbais e tem pessoas que já receberam até por mensagens. Isso ocorre em todas as unidades de saúde”, conta a técnica de enfermagem da UPA, há 8 anos, Mônic Machado.

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Outra enfermeira de unidade da saúde da família, que preferiu não se identificar, é vítima e testemunha dessa realidade. “Somos perseguidos. Temos uma gestão autoritária. Eu já fui transferida uma vez por questionar a prática da entrega de remédios nas unidades, sendo que não é permitido. Só farmacêutico pode liberar remédios”, revela a enfermeira.

Eles se reuniram em frente à Secretaria Municipal de Saúde, em Muquiçaba, às 16h. Depois seguiram a pé, interrompendo parcialmente o fluxo, sentido Centro. Em seguida, retornaram pela ponte à Secretaria. No caminho, muitos apitos, cartazes, nariz de palhaço e até pessoa fantasiada de morte com direito à foice. De acordo com a Polícia Militar, o protesto reuniu cerca de 100 manifestantes.

“Nós tentamos diálogo com a gestão desde setembro. A manifestação é uma tentativa de que nos ouçam. Tem unidade de saúde sem enfermeiro. A UPA tem um déficit grande de profissionais, estamos sobrecarregados”, disse o diretor do Sindienfermeiros, Cristiano Silva Lopes.

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A secretária Municipal de Saúde, Aurelice Vieira, explicou que no início foi um desafio enorme quando assumiu a pasta da saúde, mas que a nova gestão fez diversas melhorias. “Temos uma equipe de manutenção preventiva das unidades, uniformizamos todos os profissionais, regularizamos o serviço de transporte da saúde, implantamos ponto biométrico em todas as unidades, temos sistema de monitoramento estatístico, oferecemos cursos de capacitação aos nossos funcionários”.

De acordo com ela, antes, eram investidos R$ 22 mil em exames por mês, hoje são R$ 100 mil em exames por mês. Neste ano, já foi investido 28% da receita em saúde, sendo que o exigido constitucionalmente é 15%. “Queremos nossos profissionais satisfeitos, estamos tentando melhorar a estrutura, a capacitação, para dar um melhor atendimento ao cidadão”, ressalta a secretária.

ALGUMAS REIVINDICAÇÕES

*Gratificação

Manifestantes: “Na semana passada, os vereadores aprovaram uma lei do executivo que aumentou a gratificação dos médicos do UPA. Eles ganhavam R$ 3.300 e agora passou para R$ 6.600. Enquanto a dos enfermeiros é R$ 500. A dos auxiliar de serviços gerais é R$ 300. Essa gratificação era apenas para os funcionários do UPA. A nova lei inclui os médicos também das unidades de saúde da família, mas deixou o restante dos profissionais de fora. Nós somos uma equipe, o médico não consegue trabalhar sozinho. Também merecemos a gratificação. O Ministério da Saúde repassa verba de gratificação para a equipe da estratégia da saúde da família e esse dinheiro nunca chegou a nossas mãos. A prefeitura que decide se vai repassar e agora decidiram repassar apenas para is médicos das unidades de saúde”

Secretaria: “Havia três leis no município que tratavam sobre gratificação: para funcionários da UPA, para quem trabalhasse nos plantões de final de semana e para quem trabalhasse na alta temporada. Há três meses, o Tribunal de Contas notificou a prefeitura e mandou suspender as gratificações. E, semana passada, foi aprovada uma lei do executivo (272/2014), sem a nossa participação, englobando todas as gratificações em uma só. A Secretaria não participou da elaboração do projeto. E isso vai me gerar impacto financeiro. Antes, só recebia quem trabalhasse. Agora a lei é estendida a todos os funcionários, desde o auxiliar de serviços gerais ao médico”.   

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*Reajuste Salarial

Manifestantes: “Queremos reajuste salarial, não temos planos de cargo e carreira. Trabalhamos como escravos na alta temporada, quando quadriplica o número de atendimentos”

Secretaria: “Estamos tentando desde o ano passado, um plano de cargo e carreira. Mas a administração não pode fazer apenas para a área de saúde. É preciso de todo um planejamento porque vai gerar impacto na folha da administração”

*Falta de profissionais

Manifestantes: “Estamos sobrecarregados por conta da falta de profissionais. A UPA, hoje, tem um déficit no quadro de funcionários”

Secretaria: “Já solicitamos ao Ministério Público autorização para que seja aberto processo seletivo temporário até que saia o concurso público. Nosso objetivo é adequar a nossa capacidade de 21 enfermeiros e 43 técnicos na UPA, que hoje não está completo o nosso quadro, porque alguns passam em outros concursos e acabam saindo. Hoje trabalhamos com três médicos aos finais de semana e na alta temporada vamos colocar mais um médico de plantão a partir do dia 31 de dezembro até o carnaval”

*Regulamentação de movimentação de funcionários

Manifestantes: “Queremos a criação de uma regulamentação para a movimentação dos servidores públicos para evitar as ameaças de transferências sem argumentos. As transferências são espécie de sanções para quem discorda, quem reclama, quem opina. Os funcionários que estudam estão tendo dificuldades com as escalas, mesmo tendo direito à horário especial”

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Secretaria: “Não sou em quem faz as alterações. Tenho uma equipe responsável pelos remanejamentos, que faz as alterações de acordo com as necessidades do município. O servidor quando passa em um concurso, ele passa para atender ao município e não a uma unidade específica. Quando há mudanças é para adequar as equipes e atender a demanda. A escala da UPA quem faz é a própria coordenação da unidade e as demais escolheram o horário de trabalho de forma democrática, optando das 7h às 16h, com uma hora de almoço”

*Fogão e gás

Manifestantes: “Queremos nossos fogões e gás de volta. Foram retirados de todas as unidades de saúde, assim que souberam do protesto. Se quisermos tomar café, vamos ter que levar na garrafa de casa”

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Secretaria: “A Vigilância Sanitária exigiu a retirada do gás das unidades como medida de segurança e já fizemos uma licitação para aquisição de microondas e cafeteiras para todas as unidades”

 

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