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Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial lança livro em Guarapari
Por Glenda Machado
Publicado em 17 de novembro de 2015 às 22:01
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O segundo volume da autobiografia promete mais histórias com o título “A Mulher do Padre”
“Um dos momentos mais sufocantes foi durante um vendaval de bombardeio quando eu e minha irmã nos perdemos da nossa mãe. Eu com seis anos e ela com 9. Mas como ela tinha paralisia infantil, eu que peguei na mão dela e começamos a procurar a nossa mãe. Nesse tempo, caímos pelo menos 10 vezes no chão. Lá a gente aprendia desde pequeno que ao ouvir o barulho de avião de bombardeio, a primeira coisa é se jogar no chão. Mas tinha que ter cuidado, porque já tinha entulho para tudo quanto é lado e o risco da gente ficar preso nos destroços das casas era grande”.
Esse é o relato de uma das sobreviventes da Segunda Guerra Mundial. Maria Terese dos Anjos nasceu na região de Colônia, na Alemanha, em 1937. Dois anos depois iniciava a maior catástrofe provocada pelo homem. E aquela menina, ainda criança, estava bem no olho do furacão. O pai, Peter, foi soldado de front. E para se proteger, ela, a mãe Maria, e as duas irmãs foram para a região central do país onde trabalharam para grandes fazendeiros. Foram seis anos de terror. Com o fim da guerra, a família teve que unir esforços para se reerguer.
“Quando voltamos para a casa estava tudo no chão, não tinha sobrado nada. Os restos dos móveis que conseguimos juntar, tivemos de fazer caixão para dois primos que morreram brincando com granadas que ainda tinham pelos campos. Conseguimos um lugar para morar, meu pai voltou a trabalhar na fábrica de carvão, mas o nosso dinheiro não valia nada. Muitas vezes ele fazia cestas e eu trocava por comida com os fazendeiros da região”, recorda Terese. Com traços alemães e sotaque carregado, ela expõe tudo o que viveu em seu primeiro livro “A Minha Inocência na II Guerra Mundial”.
Neste volume, ela conta até o seu primeiro casamento. Terese casou nova, aos 18 anos, e teve duas filhas Hannlore e Brigitte. Aos 28 anos, quando decidiu se separar, não tinha noção das surpresas que a vida lhe guardava. Foi em Roma, na Itália, que conheceu o verdadeiro amor e a real felicidade. Ela viajou para se apresentar pelo coral da igreja. Ele estava fazendo doutorado sobre o “Pecado Original”. Um baiano que abandonou a batina para viver esse romance de novela. Moraram por quatro anos em Madri, na Espanha – onde ele se formou em Psicologia.
Mas o sonho dela era voltar ao Brasil. Já tinha visitado apenas uma vez. Então, em 1974, chegaram à Campinas em São Paulo. Tiveram duas filhas, Melani e Adriane. Mas escreveram os últimos capítulos dessa história aqui no Espírito Santo. Como ele já tinha sido padre por cinco anos no estado resolveram morar em Guarapari. Viúva, há 20 anos, Terese continua sua trajetória na Cidade Saúde. Mas esse já é assunto para o segundo volume da autobiografia intitulado “A Mulher do Padre”. Os holofotes agora estão voltados para o lançamento do primeiro livro que acontece no dia 27 de novembro, a partir das 17h, no Radium Hotel.
Depois de quatro décadas sobre o calor do nosso povo, essa bela senhora nem sabe mais se sua nacionalidade é alemã ou brasileira. “Construímos a nossa história aqui, me sinto bem neste país e nessa cidade que é linda. As pessoas são muito aconchegantes. E tenho a minha história lá também na Alemanha. Meu coração uniu esses dois países dentro de mim”. Formada em Filosofia e Letras pela PUC-Campinas, ela nunca exerceu a profissão. Sempre deu aula de alemão em grandes empresas. Mas hoje aproveita os ensinamentos da faculdade e da vida para deixar a sua história registrada para sempre.
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