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Uma professora que é uma lição de vida
Por Livia Rangel
Publicado em 8 de outubro de 2012 às 00:00
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De vez em quando a gente conhece pessoas que são exemplos de vida por sua dedicação, desprendimento e sorriso sempre estampado no rosto. E assim é a professora Arizonas Souza Neto, 76 anos, e que apesar da idade avançada continua a dar aulas, mesmo aposentada pelo Estado.
Atualmente, ela trabalha por designação temporária na Escola Municipal Costa e Silva, ensinando adolescentes de 11 a 15 anos, com a mesma paixão e alegria que na época em que tudo começou. Prova disso é que no ano passado ela conquistou seu diploma de Pedagogia e este ano já concluiu sua primeira pós-graduação, em Artes.
No mês em que se comemora o Dia do Professor (15 de outubro), Arizonas também completará 55 anos de magistério. “Comecei a dar aula no dia 23 de outubro de 1957, esse é um dia que nunca irei esquecer. Fui a primeira professora do bairro Olaria, em uma época que não existia escolas por lá. Eu ensinava em uma casa emprestada pelo Sr. José Santana, o Zezé, depois de um incentivo de um deputado estadual”, conta. “Lembro que os materiais demoraram muito tempo para chegar e como não havia carteiras as crianças estudavam ajoelhadas no chão, apoiando os cadernos em um banco de madeira”.
Inicialmente autodidata no ofício, Arizonas só se formou no Magistério em 1973, no colégio Rui Barbosa. “Mas sempre dei aulas nesses 20 anos, inclusive no Rui Barbosa antes de me formar. Eles tinham muita confiança em mim”, relata.
E com o passar dos anos, o currículo foi só aumentando. Ela já deu aulas em mais de 15 escolas, municipais, estaduais e particulares de Guarapari e nos mais diversos bairros, de Meaípe a Iguape, na zona rural. Entre as disciplinas ensinadas estão Geografia, História, Economia Doméstica e a extinta Moral e Cívica, mas é como professora de Português que Arizonas tem a sua maior fama.
“Não sei se é exagero, mas se eu convidar todos os alunos que eu tive para uma festa e dizer que todos são obrigados a ir dá para encher uns dois estádios”, brinca.
“Me sinto muito feliz em dar aula e ver que o aluno está aprendendo. Não há satisfação maior para mim do que ouvir um aluno dizer que gostou da aula. Quando não estou dando aula, fico doente. A escola é a minha vida”, declara a professora que se considera uma ‘inventadeira de moda’.
“Não consigo ficar parada. Procuro sempre fazer coisas diferentes na sala de aula. Recentemente, fiz um projeto sobre o centenário de Luiz Gonzaga e coloquei os alunos para cantar. Muitas vezes sou bem mais animada do que eles, que ficam só olhando”.
Mas nem tudo é diversão na vida profissional de Arizonas, que lamenta o comportamento atual dos alunos. “A relação entre professor e aluno mudou muito. Agora não somos mais respeitados e temos que pensar muitas vezes antes de chamar a atenção para o comportamento deles, com medo de alguma agressão. As crianças hoje estão muito soltas, não recebem limites e os pais confundem muito Educação com ensino. A educação vem do berço, da criação. A obrigação do professor é ensinar”, explica.
Ela também reivindica melhores condições para a categoria, que é tão desvalorizada no País. “Deixo um recado aos professores mais novos e aos que querem seguir a profissão que façam isso por amor, não somente pelo dinheiro. E tenham esperança, pois eu creio que ainda vai chegar o dia em que alguém no governo vai enxergar a importância do professor e nos valorizar. Pois sem professor, não há doutor, não há deputado, não há presidente. Tenho fé que um dia ainda verei isso”, confia.
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