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Village do Sol: mais uma comunidade sem luz
Por Glenda Machado
Publicado em 6 de julho de 2015 às 18:35
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Depois de Santa Arinda, agora foi a vez de outra comunidade sobreviver à luz de velas em Guarapari. Estamos falando do Village do Sol, próximo ao Pedágio da Rodovia do Sol. Mais de 50 famílias estão sem energia elétrica há quase dois meses no loteamento Vale do Luar. Nas demais localidades do entorno, os moradores de vez em quando ficam uma noite no escuro quando a ligação clandestina é cortada até providenciarem um novo “gato”.
“Hoje somos em mais de cinco mil moradores no Village do Sol. São 40 anos de bairro, entra prefeito, sai prefeito, e nada é feito por nossa região. Não fazemos gato porque gostamos, mas como uma medida de sobrevivência. Já solicitamos por diversas vezes ajuda para regularização do bairro para ter instalação de energia elétrica, mas como sempre nada é feito”, conta a presidente da Associação dos Amigos da Praia do Sol, Néia Lima.
O loteamento foi embargado há dois anos pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). Sem apoio do poder público municipal, os moradores recorreram ao deputado estadual Gilsinho Lopes. Houve até audiência pública no dia 16 de junho na Assembleia. “O Iema autorizou que fosse feito um projeto para ligar a energia pela Escelsa. Nós queremos autorização provisória. Muitas casas têm o padrão, têm o pedido, mas estão no escuro”, disse Néia.
O Iema explicou que o loteamento está localizado no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba – motivo pelo qual foi embargado. Também informou que já foram realizadas reuniões com o Ministério Público e Prefeitura de Guarapari. “O objetivo é alcançar a adequação ambiental do empreendimento e a documentação pelo empreendedor está em análise pelo Iema”, consta em nota.
De acordo com o órgão, foi feito um levantamento de todos os loteamentos no interior da APA de Setiba. Isso porque muitos foram criados quando não se havia normativa referente à implantação de infraestrutura básica. Como é o caso de Village do Sol – criado na década de 70. “O Ministério Público, após o levantamento, orientou que todas as instalações de energia fossem realizadas apenas após a regularização dos loteamentos”.
A Escelsa também destacou que “não tem autorização para efetuar ligações de energia elétrica no local, por estar embargada e que não foi definida a liberação da instalação da rede na audiência na Ales”. Ainda comunicou que “o furto de energia é crime com pena de reclusão de um a quatro anos e multa previsto no artigo 155 do Código Penal Brasileiro. Além de provocar sobrecarga na rede elétrica com possíveis interrupções no fornecimento e risco de acidentes”.
A Prefeitura de Guarapari ressaltou que o município não pode autorizar a ligação da energia elétrica, o que cabe ao Iema. “O Village do Sol é um loteamento que faz parte da APA de Setiba, uma Unidade de Conversação Estadual, gerida pelo Iema. De acordo com a lei federal 9985/2000, a instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infraestrutura urbana dependem de aprovação do órgão responsável”.
Na escola, problema é o esgoto
Enquanto os moradores sofrem com a falta de luz, os alunos enfrentam mau cheiro e muitas moscas na Escola Municipal João Batista Celestino. “A fossa da escola fica no meio da rua, aberta, sendo um perigo para as crianças. Na sala de aula, o cheiro é insuportável. Também atrai muitos mosquitos, bichos em geral. Uma vergonha! De vez em quando, transborda e entra dentro da escola, um risco para a saúde”, desabafa Neia.
A prefeitura informou que a fossa é limpa a cada dois meses a fim de evitar transbordo e mau cheiro. “Por problemas mecânicos, houve atraso na limpeza. Mas já foi solucionado o esgotamento da fossa e que no período das férias de julho, será construída uma nova fossa, maior, no espaço interno da escola com sumidouro. O município já está realizando a compra de manilhas e realizando a licitação para contratação de serviço de limpeza da fossa”.
Assim como a escola, os moradores também não possuem rede de coleta e tratamento de esgoto. A Cesan explicou que “apesar da meta ser atingir a universalização do saneamento básico até 2030 em toda a Grande Vitória, o que inclui Guarapari, não há previsão para implantação de redes em Village do Sol. Os imóveis devem ter fossas sépticas, que devem ser limpas periodicamente para que o esgoto não polua o meio ambiente”.
Veja o vídeo que a moradora fez da fossa da escola.
Reportagem: Lívia Rangel
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